Transtorno de ansiedade é um assunto que muito me interessa, e minhas monografias da graduação e da pós graduação foram sobre ansiedade rsrs. Aqui colocarei um resumão sobre "ANSIEDADE e TRANSTORNO DE ANSIEDADE". Parte do que colocarei aqui está na minha última monografia.
A ansiedade é definida como um estado de humor desconfortável, acompanhada de sensações físicas como: frio no estômago ou na espinha, opressão no peito, palpitações, transpiração, dor de cabeça, ou falta de ar, dentre outros sintomas.
A ansiedade é um sinal de alerta, que adverte sobre perigos iminentes e capacita o indivíduo a tomar medidas para enfrentar ameaças. A ansiedade prepara o indivíduo para lidar com situações potencialmente danosas, como punições ou privações, ou qualquer ameaça a unidade ou integridade pessoal, tanto física como moral. Desta forma, a ansiedade prepara o organismo a tomar as medidas necessárias para impedir a concretização desses possíveis prejuízos, ou pelo menos diminuir suas conseqüências. Portanto a ansiedade é uma reação natural e necessária para a auto-preservação.
Segundo Andrade e Gorenstein (1998), a ansiedade é um estado emocional que faz parte do espectro normal das experiências humanas e apresenta componentes psicológicos e fisiológicos.
Bernik (1999) afirma que quatro componentes estão presentes nas manifestações de ansiedade, ou seja, manifestações cognitivas (pensamentos de apreensão quando há um desfecho negativo de uma situação), emocionais (vivencias subjetivas de desprazer ou desconforto), comportamentais (inquietação, sobressalto, evitação, etc.) e somáticas (hiperatividade autonômica, tensão muscular, etc.).
A ansiedade passa a ser patológica quando não existe um objeto específico ao qual se direcione ou quando é desproporcional à situação que a desencadeia. Uma pessoa que tenha uma reação ansiosa inadequada e/ou extrema ou de longa duração a um determinado acontecimento pode estar sofrendo de algum tipo de transtorno de ansiedade.
De acordo com o DSM IV os transtornos de ansiedade classificados são:
o Transtorno de pânico com agorafobia
o Transtorno de pânico sem agorafobia
o Transtorno obsessivo-compulsivo
o Transtorno de estresse pós-traumático
o Transtorno de estresse agudo
o Transtorno de ansiedade generalizada
o Transtorno de ansiedade devido a uma condição médica geral
o Transtorno de ansiedade induzida por substância
o Transtorno de ansiedade não especificado
o Agorafobia sem história de transtorno de pânico
o Fobia específica
o Fobia social
O padrão comportamental característico dos transtornos de ansiedade, de acordo com grande parte da literatura, é a esquiva fóbica: na presença de um evento ameaçador ou incômodo, o indivíduo emite uma resposta que elimina, ameniza ou adia esse evento. O que diferencia cada um destes transtornos é o tipo de evento experimentado como ameaçador ou incômodo e/ou o tipo de resposta na qual o sujeito se engaja de forma a produzir uma diminuição do contato com o estímulo aversivo (processos de fuga/esquiva). As respostas envolvidas nesse processo podem ser classificadas topograficamente como respostas de evitação e/ou eliminação do estímulo temido (Banaco e Zamignani, 2004).
A evitação ajuda a manter os sintomas de ansiedade, pois impede o indivíduo de aprender que o objeto temido de fato não é perigoso, ou pelo menos não é tão perigoso quanto o paciente imagina. Também ajudam a manter os sintomas, os pensamentos e crenças a respeito dos sintomas bem como a atitude das pessoas próximas que fazem pelo paciente tarefas ou coisas que eles evitam.
As intervenções propostas atualmente para o tratamento psicológico dos transtornos de ansiedade adotam o procedimento de exposição como a principal estratégia. Esta técnica consiste em expor o cliente repetidas vezes e por um tempo prolongado às situações temidas até que a ansiedade diminua de maneira significativa, cesse ou habitue. Em casos de pacientes com TOC utiliza-se a exposição com prevenção de respostas, ou seja, expõe-se o paciente e pede-se que ele abstenha-se de realizar qualquer ritualização (impedir que o paciente se esquive da situação temida ou que execute outras respostas que diminuam a ansiedade).
As exposições geralmente são realizadas de forma gradual, partindo dos estímulos que produzem menor sofrimento ou sofrimento moderado, em direção àqueles mais perturbadores. As sessões de exposição aos estímulos ansiogênicos podem ser realizadas de forma imaginária ou in vivo (exposição real). Outro tipo de exposição muito usado em pacientes com transtorno de pânico é a exposição interoceptiva que consiste em reproduzir as sensações físicas que desencadeiam ou acompanham o ataque de pânico. A finalidade desse tipo de exposição é treinar a paciente para enfrentar os sintomas de forma mais controlada, para que ela se sinta capaz de lidar com a sua crise de ansiedade.
Os pacientes também são instruídos a engajar-se em exercícios adicionais de exposição entre as sessões terapêuticas (Riggs e Foa, 1999).
Outros tipos de intervenções como reestruturação cognitiva, relaxamento, automonitoria, estratégia de enfrentamento e manejo de estresse também são utilizados para o tratamento dos transtornos de ansiedade.
A reestruturação cognitiva consiste em treinar o paciente a identificar pensamentos distorcidos e substituí-los por outros mais realistas e objetivos, como conseqüência terá a modificação de seus valores, crenças, cognições e comportamentos. A idéia básica da reestruturação cognitiva é mostrar ao paciente que não são os eventos em si que provocam ansiedade, mas sim as interpretações feitas pelas pessoas desses eventos que são determinados na produção das emoções negativas.
Na automonitoria o paciente faz uso de um diário, onde ele registra as situações de exposição, as sensações experimentadas e atribui uma nota para sua ansiedade.
Estratégia de enfrentamento e manejo de estresse tem como objetivos auxiliar o paciente a desenvolver e programar estratégias para modificar sua interpretação dos eventos estressores, emitir respostas apropriadas às situações estressoras, aprender a conviver com o estressor que não pode ser modificado para assim aumentar a qualidade de vida.
O uso de relaxamento (relaxamento muscular progressivo, treino de respiração, treinamento autógeno) tem como objetivos reduzir as reações psicofisiológicas. No treino de respiração o paciente aprende que é possível estabelecer outro modelo fisiológico (não hiperventilar) e, portanto não desencadear ansiedade.
REFERÊNCIAS
Lotufo Neto F. (1998). Terapia comportamental-cognitiva dos transtornos ansiosos. In: Cordioli, A.V. Psicoterapias: abordagens atuais. Porto Alegre, ArtMed.
Zamignani, D. R. e Banaco, R. A. (2005). Um panorama analítico-comportamental sobre os transtornos de ansiedade. Rev. bras.ter. comport. cogn., jun. vol.7, no.1, p.77-92.
Boa tarde Fabiana,
ResponderExcluirGostei muito do seu blog, parabéns. Gostaria de um e-mail para conversarmos a respeito de uma possível consulta, afinal moro longe de Marília.
Desde já agradeço a atenção.
Natália Torres