segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Visão Skinneriana sobre as alucinações

A alucinação nos aparece como uma questão de alienação ou alheamento; ou seja, uma atribuição ao ambiente de um comportamento que alguém realiza e, não obstante, não o reconhece como próprio. Para dizer em termos mais estritamente comportamentais: a pessoa que alucina não é consciente das contingências que controlam seu comportamento de “ouvir na ausência da coisa ouvida” e das quais ele é função (privação, estados emocionais, etc.). Quando o sujeito repara que está se comportando, ainda que na ausência da coisa percebida, não cabe falar strictu sensu de alucinação; mas sim de pseudoalucinação, termo que o jargão psiquiátrico reserva a este fenômeno de alucinação com consciência de que se está alucinando. Portanto, as diferenças entre os termos percepção, ilusão, pseudoalucinação e alucinação são estritamente contextuais. A percepção de um determinado objeto costuma ocorrer na presença deste objeto que é, de forma principal, o estímulo que controla o comportamento perceptivo. Quando a percepção é produzida sob controle de dicas ambientais ambíguas, que são as que controlam o comportamento ainda que na ausência do objeto percebido, trataria-se de uma ilusão. Quando estas dicas ambientais são inexistentes ou mínimas, tratariam-se de alucinações ou pseudoalucinações se a pessoa não repara (ou se o faz no caso da pseudoalucinação) em seu próprio comportamento de “perceber na ausência da coisa percebida”.
Caberia, então, perguntar quais são as causas pelas quais um comportamento como o de perceber na ausência da coisa percebida pode chegar a se converter em um comportamento alienado, de tal forma que a pessoa não reconheça as circunstâncias que controlam seu comportamento, tendo realizado perfeitamente esta discriminação em outros momentos anteriores.
Em primeiro lugar, seria possível que a pessoa não reconhecesse as variáveis que de fato estão controlando seu comportamento de perceber na ausência da coisa percebida por elas serem pouco habituais e, desta maneira, excepcionais. Assim, por exemplo, em estado de forte privação ou de grande ansiedade, é possível que certos estímulos até então irrelevantes no controle funcional de um comportamento perceptivo passem a ser importantes e, assim, controlem o comportamento ainda que na ausência da coisa percebida. Algo parecido ocorreu com Carlitos no filme Em Busca do Ouro quando, atormentado pela fome, vê seu companheiro convertido em um frango. A pessoa não estaria acostumada ao fato de que seu comportamento de perceber na ausência da coisa percebida estivesse sob controle destas circunstâncias tão intensas e, desta forma, é possível que o comportamento realizado seja atribuído à presença da coisa percebida em detrimento dos estados privados intensos que, de fato, controlaram o comportamento.
Em segundo lugar, também é possível que, ainda que se tenha contato com as circunstâncias que controlam um comportamento, estas sejam punições verbais para a pessoa ou, dito de forma freudiana, resultem inadmissíveis ao superego. A “censura”, em tal caso, ocorreria pela via da negação ou projeção.

Texto retirado do Boletim Contexto, nº 33.
Para ler o artigo completo clique aqui.

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