sábado, 9 de outubro de 2010

Tricotilomania 2

Veja este vídeo feito por Rebecca, uma adolescente inglesa de 16 anos que sofre com a tricotilomania...observe que ela procura diferentes método para evitar arrancar os cabelos....
TCC aliada a farmacoterapia são indicados para estes casos.
O vídeo foi bem elaborado....

 


sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Aprendendo a dizer não...ou melhor dizendo.... aprendendo a ser assertivo(a)

Quando Angela tinha apenas dois ou três anos, seus pais a ensinaram a nunca dizer NÃO. Ela devia concordar com tudo o que eles falassem, pois, do contrário, era uma palmada e cama.
Assim, Angela tornou-se uma criança dócil, obediente, que nunca se zangava. Repartia suas coisas com os outros, era responsável, não brigava, obedecia a todas as regras, e para ela os pais estavam sempre certos.
A maioria dos professores valorizava muito essas qualidades, porém os mais sensíveis se perguntavam como Angela se sentia por dentro.
Ângela cresceu cercada de amigos que gostavam dela por causa de sua meiguice e de sua extrema prestatividade: mesmo que tivesse algum problema, ela nunca se recusava a ajudar os outros.
Aos trinta e três anos, Angela estava casada com um advogado e vivia com sua família numa casa confortável. Tinha dois lindos filhos e, quando alguém lhe perguntava como se sentia, ela sempre respondia: "Está tudo bem."
Mas, numa noite de inverno, perto do Natal, Angela não conseguiu pegar no sono, a cabeça tomada por terríveis pensamentos. De repente, sem saber o motivo, ela se surpreendeu desejando com tal intensidade que sua vida acabasse.
Então ela ouviu, vinda do fundo do seu coração, uma voz serena que, baixinho, disse apenas uma palavra: NÃO.
Naquele momento, Angela soube exatamente o que devia fazer. E eis o que ela passou a dizer àqueles a quem mais amava:
Não, não quero.
Não, não concordo.
Não, faça você.
Não, isso não serve pra mim.
Não, eu quero outra coisa.
Não, isso doeu muito.
Não, estou cansada.
Não, estou ocupada.
Não, prefiro outra coisa.
Sua família sofreu um impacto, seus amigos reagiram com surpresa. Ângela era outra pessoa, notava-se isso nos seus olhos, na sua postura, na forma serena mas afirmativa com que passou a expressar o seu desejo.
Levou tempo para que Angela incorporasse o direito de dizer NÃO à sua vida. Mas a mudança que se operou nela contagiou sua família e seus amigos. O marido, a princípio chocado, foi descobrindo na sua mulher uma pessoa interessante, original, e não uma mera extensão dele mesmo. Os filhos passaram a aprender com a mãe o direito do próprio desejo. E os amigos que de fato amavam Angela, embora muitas vezes desconcertados, se alegraram com a transformação.
À medida que Angela foi se tornando mais capaz de dizer NÃO, as mudanças se ampliaram. Agora ela tem muito mais consciência de si mesma, dos seus sentimentos, talentos, necessidades e objetivos. Trabalha, administra seu próprio dinheiro, e nas eleições escolhe seus candidatos.
Muitas vezes ela fala com seus filhos: "Cada pessoa é diferente das outras e é bom a gente descobrir como cada um é. O importante é dizer o que você quer e ouvir o desejo do outro, dizer a sua opinião e ouvir o que o outro acha. Só assim podemos aprender e crescer. Só assim podemos ser felizes."

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Tricotilomania

Tricotilomania é um distúrbio caracterizado por arrancar cabelos sem fins estéticos. Atualmente é classificada entre os transtornos de hábito e de controle de impulsos.
Os pacientes referem sentir uma urgência ou necessidade incontrolável de arrancar os próprios pelos, principalmente os cabelos, podendo também envolver sobrancelhas, cílios, pelos pubianos ou de qualquer outra parte do corpo. Não raro, os pacientes ingerem os fios de cabelo arrancados ou parte desses, caracterizando a tricofagia.
O transtorno não é explicado por outro transtorno mental e não se deve a condições médicas gerais (por exemplo, outras condições dermatológicas) e causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, ocupacional ou de outras áreas importantes na vida da pessoa.
Arrancar cabelos pode ser transitório, episódico ou contínuo e sua intensidade pode variar. A pessoa pode passar semanas ou meses sem apresentar este comportamento e, de repente, recomeçar de modo inexplicável. Como qualquer outro comportamento, este apresenta diversos graus de gravidade. Em algumas pessoas a perda de cabelos pode ser mínima, em outras formam-se áreas de alopécia (falta de cabelo), em outras pode ser tão extensa que a pessoa fica completamente careca.
Pessoas com Tricotilomania se sentem envergonhadas pelo seu comportamento e sua aparência. Elas podem esconder o problema de sua família e de seus amigos mais íntimos, ou até mesmo negar inteiramente o comportamento.
Elas recorrem freqüentemente a penteados elaborados e à maquiagem para camuflar os locais carecas, ou usam apliques ou perucas. Vergonha e desconforto podem ter repercussões graves na auto-estima, na carreira e da vida social e podem até levar a pessoa a evitar tratamento médico adequado.
Muitos destes pessoas perdem um tempo considerável arrancando cabelos e depois tentando disfarçar cosmeticamente.
A "reversão de hábito” é uma abordagem para a Tricotilomania. Envolve o aumento da percepção do paciente de cada episódio de arrancar cabelo e da capacidade de interromper isso por meio de uma resposta competente. Técnicas para aumentar a consciência do arrancar de cabelos incluem identificar os desencadeantes e as seqüências de acontecimentos associados com o comportamento. Além disso, a pessoas normalmente monitora e registra cada ocorrência de arrancar cabelo, anotando informações como dia e hora, localização, pensamentos, sentimentos, número de fios arrancados, etc. que podem ser úteis ao tratamento.
Um elemento crucial na reversão de hábito envolve a utilização de uma resposta competente para ajudar o controle da compulsão. A resposta competente é aquela que é incompatível com arrancar cabelo, como fechar as duas mãos com bastante força. A pessoa é instruída a usar e manter a resposta competente por períodos breves quando estiverem entrando em situações de alto risco, quando sentirem a primeira compulsão ou mesmo depois que tiverem começado a arrancar cabelos. Outros elementos no treinamento de reversão de hábito dizem respeito à preparação de pessoas para o tratamento e à motivação contínua durante o tratamento.
Outras estratégias de terapia comportamental empregam procedimentos de "controle de estímulo". Arrancar cabelos normalmente ocorre em certas situações discretas, mas não em outras. Por exemplo, a maioria das pessoas arranca cabelo quando está sozinha. Por exemplo, ao assistir TV, falar ao telefone, ler e guiar. As técnicas de controle de estímulo são usadas em situações nas quais é provável que o comportamento ocorra e têm como objetivo interferir no comportamento. Típicas técnicas de controle de estímulo incluem o uso de objetos que impeçam o arrancar de cabelos como chapéus, lenços, luvas, protetores de borracha nas pontas dos dedos; também deve-se manter as mãos ocupadas e longe dos cabelos.
Como arrancar cabelos freqüentemente ocorre, aumenta ou reaparece juntamente com stress, técnicas de terapia comportamental também podem se concentrar no ensinamento de maneiras eficientes de controlar o stress : controle de respiração, relaxamento muscular e técnicas cognitivas para ajudar o controle da ansiedade.

Veja video com depoimentos:

http://www.youtube.com/watch?v=mhPP2CWNSXM

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Releitura

Estou relendo o livro " Aprendizagem: comportamento, linguagem e cognição" - Catania.
Estou iniciando a produção de artigos para publicação e o livro do "tio" Catania foi o primeiro que resolvi reler, os conceitos básicos são bem explicados neste livro.....
 
A. Charles Catania
                    

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Identificando pensamentos automáticos negativos

Um dos passos da Terapia Cognitiva-comportamental é a identificação dos pensamentos automáticos negativos. Identificar, analisar, avaliar e responder aos pensamentos automáticos negativos produz mudanças nos sentimentos e consequentemente no comportamento.

Mas como identificar os pensamentos automáticos negativos?

Questione:

1. O que passou pela sua mente (comportamento encoberto)?

2. Sobre o que você estava pensando?

3. Você está pensando sobre x ou y?

4. Imaginou que algo poderia acontecer?

5. Lembrou de algo que aconteceu?

6. O que esta situação significou para você?

O diário de pensamentos automáticos é uma técnica bastante utilizada na clínica; esta técnica permite ao paciente visualizar melhor o seu funcionamento.

Obs: procure trabalhar com situações específicas.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

domingo, 3 de outubro de 2010

Pense nisso...19

"Pensar é comportar-se. O equívoco consiste em localizar o comportamento na mente." (Skinner, 1974) 

sábado, 2 de outubro de 2010

Momento de descontração

Psicólogo(a) também se diverte, fala bobagens de vez enquando (fora do consultório é claro...); à vezes nos encontramos sob contingências aversivas; temos sentimentos; não temos bola de cristal e não lemos pensamentos (descobrimos os encobertos através do relato verbal..rs); assistimos uma variedade de programas e não ficamos bitolado(a)s só nas discussões psicólogicas....Relaxem!!!!

Vamos descontrair um pouco....vejam: Achmed...the dead terrorist...funny...

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Palestra


Prestigie as Palestras da APORTA

02/10/2010 – Ansiedade e Relaxamento
Silvia Scemes - psicóloga Colaboradora da APORTA

Esta e sua oportunidade de aprender a usar técnicas de relaxamento como recurso na diminuição e controle da ansiedade.
Não Percam!

Maiores informações aqui

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A coragem de enfrentar seus medos

Diz uma antiga fábula que um camundongo vivia angustiado com medo do gato.
Um mágico teve pena dele e o transformou em gato. Mas aí ele ficou com medo de cão, por isso o mágico o transformou em pantera.
Então ele começou a temer os caçadores.
A essa altura o mágico desistiu. Transformou-o em camundongo novamente e disse:
-- Nada que eu faça por você vai ajudá-lo, porque você tem apenas a coragem de um camundongo. É preciso coragem para romper com o projeto que nos é imposto. Mas saiba que coragem não é a ausência do medo, é sim a capacidade de avançar, apesar do medo; caminhar para frente; e enfrentar as adversidades, vencendo os medos...



É isto que devemos fazer. Não podemos nos derrotar, nos entregar por causa dos medos. Senão, jamais chegaremos aos lugares que tanto almejamos em nossas vidas...

                                                                                                                          Autor desconhecido

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

TDAH em "Os Simpsons"




O TDAH não um é simples transtorno, mas sim, um grave problema de saúde. O tratamento desse transtorno envolve uma equipe multidisciplinar (médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, pedagogos, psiquiatras, neurologistas, etc).

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Teste do marshmallow


Este experimento feito com crianças em idade escolar. A criança era colocada em uma sala e era oferecido um marshmallow a ela. O experimentador colocava a seguinte regra: “Você pode esperar e eu te darei mais um, se você esperar você ficara com dois ou você pode comer este agora”
Veja o vídeo:



 

Viu que algumas crianças seguiram as regras e foram reforçadas positivamente; outras comeram de imediato o marshmallow, foram impulsivas, imediatistas... ou será que queriam se livrar daquela situação aversiva???
A situação em si é aversiva tanto que uma das crianças até abaixa a cabeça para não olhar para o doce, elimina o aversivo, ou melhor dizendo, ele encontra um jeito de resistir e ser reforçado no final; outras cheiram o doce para saciar a vontade, outras pegam na mão e depois lambem os dedos também para saciar a vontade; outras viram o rosto, etc.
A partir deste experimento podemos generalizar esta situação para nossas vidas...
Se fosse você???... Se você se encontrasse diante de algo irresistível, como você se comportaria?
Você é imediatista? Impulsivo?
Você têm autocontrole?
Você analisa a situação e pensa nas conseqüências, sejam elas positivas ou negativas?

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Pense nisso...18

"Quando nosso comportamento é reforçado positivamente, nós dizemos que estamos felizes." (Skinner, 1965)

domingo, 26 de setembro de 2010

ABPMC

Fiquei sem postar esta semana que passou por um excelente motivo...estava participando do XIX Encontro da ABPMC...o melhor encontro que já fui nesta aréa, se puderem participe dos encontros; no próximo ano será em Salvador....Fica aí a dica.
Eu fui...participei do congresso e fui passear também ninguém é de ferro neh..rsrs
  




domingo, 19 de setembro de 2010

Solidão

Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... Isto é carência.
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... Isto é saudade.
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos... Isto é equilíbrio.
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida. .. Isto é um princípio da natureza.
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... Isto é circunstância.
Solidão é muito mais do que isto.
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma....

                                                                                Francisco Buarque de Holanda

sábado, 18 de setembro de 2010

Pense nisso...17

"É um princípio sóbrio: respeite a natureza, use-a a seu favor, não capitule diante dela, não ceda, mas encontre nela própria a resposta para seus objetivos. Usando uma metáfora: ataque contingências com contingências..." (Hélio J. Guilhardi)

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Power yoga

Comecei a praticar Power Yoga e na minha primeira aula já tive alguns pensamentos automáticos (comportamento encoberto), do tipo “Caracas nunca conseguirei fazer esta posição” , “Nossa vou ter prestar atenção na minha respiração, ah não vou conseguir....vou entrar em pânico aqui”
Opa..opa...sai pra lá esses pensamentos...substituí minhas fantasias por pensamentos mais realistas e não deixei eles me dominarem, fui lá e fiz as posições que a professora pedia..e foi tudo uma maravilha...rsrsr...também foi um jeito de vencer meus medos, fobias. Com o treino constante os medos, fobias são vencidos,  os movimentos são feito aos poucos lembrando muito o que nós chamamos de dessensibilização.
Pois é até nós, analista do comportamento temos esses pensamentos automáticos negativos e nossas fobias....sempre falo para meus pacientes observarem seus pensamentos e substituí-los por outros mais realistas...
A aula enfatiza muito a respiração.......concordo com meus pacientes, quando eles dizem que respirar é difícil, sim é muito difícil,  pois temos que nós observar (auto-observação), e  olhar para dentro é difícil mesmo,  mas é fundamental  para auto-conhecimento e descoberta de nossos limites.
Se o paciente aprende a respirar na aula de Power Yoga ou na terapia com algumas técnicas que propomos, com o tempo ele generaliza essa habilidade para outros contextos da sua vida.
O Power Yoga é uma prática bastante completa, exercita todo o corpo da cabeça aos pés, dentro e fora. Através da respiração e da execução de diversas posturas, o praticante desenvolve resistência, força, flexibilidade, equilíbrio, consciência respiratória e postural, concentração, relaxamento, vitalidade e total bem-estar.
O Power Yoga desenvolvido por Marco Schultz é um estilo de hatha yoga. Esta atividade não está vinculada a princípios religiosos ou dogmáticos, mas sim à ciência e arte de trabalhar o corpo e a mente em busca do autoconhecimento.
A sincronia fluida de movimentos corporais e respiratórios caracteriza o estilo fluído (Vinyasa) deste trabalho. Outra característica de importância fundamental, especificamente neste sistema desenvolvido por Marco, é a atenção dada à técnica e ao alinhamento do corpo na execução das posturas (Iyengar). Apesar de exigente, o Power Yoga é uma atividade extremamente segura e oferece enormes benefícios a qualquer um que tenha disposição de praticar.
Benefícios do power yoga:
- aumento da consciência corporal;
- aumento da força e da flexibilidade muscular;
- melhora na resistência física e cardiovascular;
- aumenta a capacidade respiratória;
- melhora da postura, da qualidade do sono;
- melhora da concentração (equilíbrio mental e corporal);
- equilibra sistema endócrino;
- reduzindo o estresse.
A pratica do Power Yoga é um treino de auto-observação e auto-controle, pois o aluno precisa focar sua atenção na respiração e na sua força física para se equilibrar. A professora sempre pede para fixarmos nosso olhar num ponto e buscar o equilíbrio; essa é uma técnica que poderemos usar em outras situações quando precisamos nos equilibrar

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Trabalhando com pacientes que não sabem o que querem mudar

Já recebi vários pacientes que chegam na primeira sessão dizendo que não sabem o que trabalhar em terapia, mas percebem que precisam trabalhar algo. Então faço uso de uma "técnica", será que posso chamar de técnica?? Bom vou chamar de técnica mesmo.....
Faço uma avaliação de vários aspectos (físico, psíquico, social, profissional, etc), assim fica mais claro, para o paciente enxergar o que poderemos trabalhar;......como o paciente veio até mim pedindo ajuda mas não sabe o que é, ELES DIZEM QUE PRECISAM MUDAR, mas não conseguem identificar o que precisa ser mudado, sabe que algo incomoda...então uso esta técnica que tem como nome "Roda da Vida". Costumo falar que começando a trabalhar um dos aspectos os outros consequentemente irão melhorar. Com a "Roda da Vida" feita, iniciamos o processo. Os resultados tem sido bons.

Aqui um esboço da "Roda da Vida"
 
A técnica  acima é baseada no que está no início do livro de Greenberger e Padesky (A mente vencendo o Humor). Todos esses aspectos estão interligados; cada aspecto diferente da vida de uma pessoa influencia todos os outros. Compreender como esses aspectos de nossa vida interagem pode ajuda-nos a compreender nossos problemas.  
O terapeuta faz perguntas a respeito dos cinco aspectos da vida mostrados na figura acima: pensamentos (crenças, imagens, lembranças), estado de humor, comportamento, reações físicas e ambiente (passado e presente). Como já disse no começo do post na Roda da Vida esses aspectos estão mais esmiuçados para o paciente entender melhor.
Mudanças em nossos comportamento influenciam o modo como pensamos e também como sentimos (tanto física quanto emocionalmente). As mudanças de comportamento podem mudar também nosso ambiente. Igualmente, mudanças em nossos pensamentos afetam nosso comportamento, humor, reações físicas e podem levar a mudanças em nosso ambiente social.


quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O PÂNICO EM PÂNICO - Uma visão bem humorada

Pânico em Lisboa (Texto de Mario Prata)

Eram seis e meia da tarde e eu estava no Bingo Belenenses quando comecei a suar frio. Janeiro de 1993. A temperatura lá fora estava perto do zero. Para espanto das bingueiras portuguesas, tirei o casacão, o pulôver, a camisa. Fiquei de camiseta cavada. Meu coração começou a bater muito forte e as minhas mãos suavam frio. Estava pela boa, mas fui ao banheiro passar uma água no rosto. Senti que ia desmaiar. Ou morrer.
Na rua, com o rosto molhado e de camiseta, carregando minhas roupas, consegui entrar no meu carro vomitando na sarjeta. Mas, se você conhece Lisboa, sabe que neste horário o trânsito é o pior do mundo. Enfiei o carro em cima de uma calçada e entrei na primeira farmácia. A mocinha, assustada, olhou para minha cara, eu dizendo que estava morrendo. Pelo olhar pesaroso, ela achou que eu estava drogado e disse que só podia me dar uma pica (injeção) com ordem médica. Me indicou um hospital a duas quadras. E foi me avisando: é particular, o senhor vai ter que pagaire!
Me segurando nas paredes cheguei no pronto socorro do tal hospital particular, entrei direto para um corredor, tinha uma maca, deitei. Chegou uma enfermeira gorda e foi logo avisando que era particular e que eu teria que pagar. Dei meu cartão para ela e o telefone de um casal amigo. E disse pela segunda vez: estou morrendo.
Me levaram para uma sala e me deram uma injeção. A sensação de morte era incrível, inadiável. A enfermeira ficou assustada porque o batimento não abaixava: 180. Chamaram um especialista em coração. Ele ficou mais assustado do que eu. Falou com a enfermeira e ela se aproximou, definitiva:
- Vamos te aplicaire duas picas. Uma no cu (é bunda, em Portugal) e uma sucutânea.
Comecei a rir, é claro. E pensei: pelo menos morro rindo. O batimento não caía. Chega o casal meu amigo. Dou os telefones dos meus parentes no Brasil.
Me levam para a UTI. Ligam milhares de aparelhos em mim. Colhem meu sangue. Exames urgentes. Não deixam o casal entrar na UTI. Médicos discutem em volta de mim. Chegam os resultados dos exames. O médico se aproxima e diz que estão todos normais, apenas faltando um pouco de potássio dentro de mim. Me sugere comer bananas. Até hoje não sei se ele estava me gozando ou não.
Cinco horas depois de entrar no hospital (particular) o batimento volta ao normal. Meia noite. Quero ir embora. Desligar aqueles fios todos. Chamam de novo o médico especialista. Ele não me deixa ir. Tenho que ficar em observação. Ninguém no hospital sabia o que eu tinha. Não, doutor, não há casos de enfarte na família, disse umas dez vezes. A enfermeira, vi ela sussurrar com o médico, desconfiava de alguma droga muito forte. Heroína, coisa mais ou menos comum em Lisboa.
Na minha frente um monitor mostrava o batimento do meu coração. Uma hora eu arrotei e o batimento subiu para 120 e depois voltou a abaixar rapidamente.
Não tendo o que fazer ali, sabendo que não seria daquela vez a minha morte, comecei a pensar bobagem. Se, com o arroto, o batimento subiu para 120, se eu soltar um pum, devo bater o recorde e chegar a 150.
Foi o que fiz. Soltei. Para minha surpresa, não aconteceu absolutamente nada na telinha. Continuou em 80. Mas o cheiro estava muito forte. E a enfermeira gorda, naquele instante inadequado, entrou no minúsculo quarto da UTI. E sentiu. E a minha vergonha fez com que o batimento subisse para 160 em dois segundos. A enfermeira saiu e voltei ao normal.
Quer dizer, mais ou menos ao normal. A partir daquelas picas a minha vida nunca mais seria a mesma. Aquilo se chamava Síndrome do Pânico. Algo que passei a desejar aos piores dos meus inimigos. Até descobrir o que era, em São Paulo, dois meses depois, com o doutor Jair Mari, vivi um inferno particular.
Hoje, dez anos depois, tomando remédio todo dia pela manhã, vou vivendo. Normal. Nunca mais tive nada. Nunca mais levei picas sucutâneas. Nem lá.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

ABPMC 2010 está chegando

O Congresso da Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental (ABPMC) está chegando. Será nos dias 23, 24, 25 e 26 de Setembro em Campos do Jordão. 
Estarei lá apresentando um painel sobre Auto-estima.....

Informações  e inscrições em: http://www.xixencontroabpmc.com.br




segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Transferência e Contratransferência: uma visão comportamental

Transferência e contratransferência são conceitos centrais na compreensão da relação terapêutica nas diversas vertentes da psicanálise. Cunhados por Sigmund Freud, criador da teoria psicanalítica, os termos transferência e contratransferência foram empregados de maneira diferente pela Psicoterapia Analítica Funcional, uma forma de terapia comportamental fundamentada no behaviorismo radical de B.F. Skinner. Assim, o objetivo deste texto é apresentar uma breve explicação dos conceitos freudianos de transferência e contratransferência e explicitar sua aplicação na Psicoterapia Analítica Funcional.
Em psicanálise, a transferência é “um processo constitutivo do tratamento psicanalítico mediante o qual os desejos inconscientes do analisando concernentes a objetos externos passam a se repetir, no âmbito da relação analítica, na pessoa do analista, colocado na posição desses diversos objetos” (ROUDINESCO & PLON, 1998, p. 766-767). Em outras palavras, a transferência é um conjunto de sentimentos positivos ou negativos que o paciente dirige ao psicanalista, sentimentos estes que não são justificáveis em sua atitude profissional, mas que estão fundamentados nas experiências que o paciente teve em sua vida com seus pais ou criadores. Portanto, a característica da transferência é repetir padrões infantis num processo pelo qual os desejos inconscientes se atualizam na pessoa do analista (FREUD, 1916/1976). Inicialmente, a transferência era considerada um impedimento ao processo analítico, na medida em que o conjunto de sentimentos do paciente dirigido ao seu analista teria por objetivo colocar um obstáculo ao processo de análise ao tirar o profissional de sua função e dar a ele outro papel em sua vida (por exemplo, torná-lo seu amante).
Desta forma, a transferência seria um mecanismo de resistência que se manifesta pela tentativa de impedir que a análise continue. Em resumo, neste primeiro entendimento, a finalidade inconsciente da atitude transferencial seria, ao tirar o psicanalista de sua função, tornar o prosseguimento da análise impossível. Contudo, a transferência passou a ser entendida, posteriormente, como peça fundamental na terapia psicanalítica, pois seria ela que permitira e sustentaria a relação terapêutica; de fato, os psicanalistas passaram a utilizar o campo transferencial como instrumento de tratamento. Neste sentido, a superação da transferência ocorreria quando o analista apontasse os sentimentos transferenciais que se originaram em acontecimentos anteriores e que agora estão sendo repetidos.
A contratransferência, na psicanálise freudiana, é compreendida como o “conjunto das reações inconscientes do analista à pessoa do analisando e, mais particularmente, à transferência deste” (LAPLANCHE & PONTALIS, 2001, p. 102), que, segundo Freud, seria um obstáculo à analise que deveria ser neutralizado e superado. É importante observar que Freud utilizou o termo “contratransferência” apenas três vezes ao longo dos 23 volumes de suas obras completas, o que demonstra a concepção negativa que ele tinha acerca deste fenômeno (FREUD, 1910/1970; FREUD, 1915, 1969; SANCHES, 1994). Embora a transferência e a contratransferência tenham recebido desenvolvimentos ulteriores no âmbito psicanalítico (por exemplo, com Sándor Ferenczi, Melanie Klein e Heinrich Racker), uma visão anti-mentalista destes fenômenos foi proposta na década de 1980 por Robert Kohlenberg e Mavis Tsai, criadores da Psicoterapia Analítica Funcional – FAP (do inglês, Functional Analytic Psychotherapy).
A FAP é uma forma de terapia comportamental fundamentada na filosofia do Behaviorismo Radical e nos princípios da Análise do Comportamento. Segundo a FAP, a relação interpessoal entre cliente e terapeuta é o único instrumento de atuação, ou seja, é somente através dela que as mudanças comportamentais são possíveis. Por isso, as subjetividades (sentimentos, emoções, volições, etc.) do cliente e do terapeuta são centrais no manejo terapêutico. Neste sentido, a relação terapêutica pode ser compreendida como uma dinâmica de transferência e contratransferência (VANDENBERGHE, 2006). Entretanto, na Psicoterapia Analítica Funcional, a transferência não é compreendida como um processo inconsciente que ocorre dentro da mente do cliente, mas é vista como a ocorrência de Comportamentos Clinicamente Relevantes – CRBs (do inglês, Clinically Relevant Behaviors).
Os Comportamentos Clinicamente Relevantes (ou CRBs) são os comportamentos-problema e os comportamentos finais desejados que ocorrem durante a sessão (KOHLENBERG & TSAI, 2001). Isto quer dizer que os padrões de interação do cliente com seu mundo cotidiano certamente repetir-se-ão de forma muito semelhante no ambiente clínico. Os CRBs são de três tipos: a) os comportamentos referentes “aos problemas vigentes do cliente e cuja freqüência deveria ser reduzida ao longo da terapia” (KOHLENBERG & TSAI, 2001, p. 20); b) as melhoras ao vivo da problemática que ocorrem dentro da sessão e que podem ser generalizadas para os ambientes extra-consultório onde os problemas do cliente ocorrem e c) a análise funcional que o cliente faz das contingências mantenedoras dos seus padrões de interação com o mundo ou, dito de outra forma, é a observação e interpretação que ele faz dos seus próprios comportamentos (KOHLENBERG & TSAI, 2001).
Consequentemente, o objetivo do psicoterapeuta é observar, evocar e consequenciar CRBs. Por exemplo, imagine um cliente com problemas de assertividade que seja frequentemente desrespeitado e explorado pelas pessoas, o que certamente lhe traz sofrimento. O terapeuta, então, deve estar atento para os comportamentos inassertivos que ocorrem espontaneamente ou então evocá-los na sessão para poder consequenciá-los, visando promover melhoras nestes comportamentos, melhoras estas que devem sempre ser reforçadas. Além de observar, evocar e consequenciar CRBs, o terapeuta deve promover ativamente a generalização, ou seja, deve engendrar maneiras para que as melhoras que ocorreram ao vivo durante a sessão também possam ocorrer na vida cotidiana do cliente (KOHLENBERG & TSAI, 2001; VANDENBERGHE, 2006).
A contratransferência, por sua vez, também não é conceituada como algo que ocorre na mente do psicólogo, mas é compreendida como os efeitos que os CRBs têm sobre a pessoa do terapeuta. Desta forma, é fundamental que o terapeuta observe seus sentimentos em relação ao cliente, uma vez que estes sentimentos são subprodutos da interação que ocorre durante a sessão. Na medida em que o profissional tenha identificado a relação entre o que o cliente faz com o que ele sente, este pode fazer uma comparação com os efeitos que o cliente tem sobre outras pessoas em sua vida cotidiana, o que é um poderoso instrumento de atuação.
É importante observar que muitos comportamentalistas criticam o uso dos termos transferência e contratransferência, na medida em que estão bem estabelecidos em uma abordagem teórica com bases epistemológicas absolutamente diferentes da do Behaviorismo Radical, apontando, com razão, que o mais importante é descrever os processos comportamentais que ocorrem em uma relação terapêutica. Contudo, a Psicoterapia Analítica Funcional, embasada na filosofia do Behaviorismo Radical e nos princípios da Análise do Comportamento, emprega os conceitos freudianos de transferência e contratransferência de forma anti-mentalista ao explicitar que a relação interpessoal entre cliente e terapeuta é um poderoso instrumento de atuação nos processos de mudança comportamental.

Author: Jan Luiz Leonardi


Referências:

FREUD, S. (1910/1970). As perspectivas futuras da terapêutica psicanalítica. In: Coleção standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (vol. 11, pp. 143-156). Rio de Janeiro: Imago.
FREUD, S. (1915/1969). Observações sobre o amor transferencial. In: Coleção standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (vol. 12, pp. 208-221). Rio de Janeiro: Imago.
FREUD, S. (1916/1976). Conferências introdutórias sobre psicanálise. Conferência XXVII – Transferência. In: Coleção standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (vol. 16, pp. 503-521). Rio de Janeiro: Imago. SANCHES, G.P. (1994). Sigmund Freud e Sándor Ferenczi. In: S.A. FIGUEIRA (org), Contratransferência: de Freud aos contemporâneos (pp. 33-59). São Paulo: Casa do Psicólogo.
KOHLENBERG, R. J., TSAI, M. (2001). Psicoterapia analítica funcional: criando relações terapêuticas intensas e curativas. Santo André: ESETec.
VANDENBERGHE, L. M. A. (2006). Psicoterapia Analítica Funcional - FAP. Curso ministrado no XV Encontro da Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental.

* Agradeço ao Prof. Dr. Roberto Alves Banaco pelas valiosas sugestões e revisão deste texto.
 
Texto disponível em: http://www.redepsi.com.br/portal/modules/soapbox/article.php?articleID=108 

domingo, 12 de setembro de 2010

Piadinha...

Quantos psicólogos são necessários para trocar uma lâmpada?
??????????????
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Um psicólogo basta, mas a lâmpada precisa querer ser trocada!




Mas falando sério......é preciso reconhecer que se tem um problema e se dispor a lidar com ele....reconhecendo isso já é um bom começo.


sábado, 11 de setembro de 2010

Reflexões sobre o indivíduo e sua relação com o mundo

Intenção x e resultado y: entenda o descompasso entre o esperado e o obtido (Regina Wielenska)

No início de minha carreira ouvi da supervisora uma história que bem se ajusta ao tema de hoje. Um garoto do ensino fundamental em uma escola particular frequentemente “aprontava em sala de aula”, fazendo bagunça, perturbando a classe.
A cada episódio os pais recebiam o aviso de que o menino fora parar na sala da diretora e então, por sua vez, a mãe ou o pai se preocupava em chamá-lo para entender a história, cobrar explicações do filho, passar um sermão, e terminava por retirar dele um brinquedo ou atividade como forma de castigo. Isso tudo funcionou? Não, castigos, broncas e ameaças pareciam ter efeito zero, o menino andava de mal a pior.
Em desespero de causa buscaram ajuda de uma psicóloga infantil. Essa conversou com o menino, pais e escola. Propôs às partes envolvidas um acordo: os tais bilhetinhos iriam mudar de função; ao final de cada dia a escola se empenharia em enviar um bilhete, de teor absolutamente verdadeiro, sobre algum aspecto favorável do dia letivo do garoto. Podia ser o comportamento de ajudar um colega que acidentalmente deixou cair o caderno, acertar a resolução de um problema, colaborar com as atividades, contribuir com ideias, fazer alguma reclamação de modo assertivo, um sem fim de possibilidades, envolvendo comportamentos pró-estudo e pró-sociais, afetivos e favorecedores do convívio entre os envolvidos. E cada passo em tal direção seria comentado em casa, como evidência das capacidades do menino.
Em um tempo relativamente curto o menino começou a se transformar, e isso ocorreu por meio de mecanismos que se entrelaçavam. Primeiro, até aquele momento pais e escola de certo modo só enxergavam as inadequações do menino e apenas davam “enorme” atenção a ele cada vez que se mostrava rebelde, inadequado, agressivo. As adequações, e elas existiam em alguma frequência acima de zero, passavam em branco. Em segundo lugar, algum fator, ou soma de fatores, pode ter dado início ao frenesi de aprontações. Pode ter sido uma aula chata, falhas de aprendizagem de algum conteúdo, o fato dos pais terem se tornado mais indisponíveis para o menino (dupla jornada, doença, problemas conjugais, etc.).
Não me lembro mais do que foi, mas fica claro que isso serviu para que o comportamento inadequado (que surgiu no contexto da escola) fosse turbinado, fortalecido em termos de sua probabilidade futura, exatamente pelo fato de produzir atenção parental e na escola. “Falem mal, mas falem de mim” tornou-se o lema. Não que o garoto tivesse necessariamente clareza do jogo de forças em ação, mas reagiu a elas em busca de afeto e de atenção focada nele.
Os adultos por sua vez, não tinham a menor noção do tal jogo. Embora o objetivo das broncas e castigos dos pais fosse enfraquecer os comportamentos-problema, paradoxalmente, tudo o que faziam nessa direção apenas servia para fortalecê-los. Ninguém parecia notar, mas o tiro saia pela culatra.
Atenção, reconhecimento, preocupação e o esforço de alguém que se preocupa conosco, quem não gosta disso? O menino e a torcida dos principais times do Brasileirão, todo mundo quer um pouco de afeto. E por vias tortas o menino recebia aquilo do qual estava privado. Não que fosse uma criança lançada às traças, passando fome, sendo vítima de espancamentos e outras coisas horríveis. Mas algo ficou claro: havia atenção de menos para os pontos fortes e excesso de foco sobre os problemas.
Eu só contei um pequeno fragmento dessa intervenção psicológica e mostrei seus efeitos. Muito mais ocorreu, mas peço ao leitor que se limite aos aspectos que resolvi pinçar:
- Para ter uma ação positiva sobre meu filho preciso observar o efeito de meus atos sobre os dele e os dele sobre as pessoas; preciso deixar minhas intenções de lado e identificar relações entre comportamentos e suas consequências.
- Ao contrário de nossos atos, intenções não bastam para transformar o mundo; no intuito de corrigir o comportamento problemático por meio de broncas, castigos e conversas, as inadequações ganhavam corpo pelo fato de produzirem contato diferenciado com a família ou a diretora.
E não podemos esquecer que a descoberta da melhor direção da mudança requer que tenhamos um olhar atento e amoroso sobre as relações humanas. Observar os efeitos do que fazemos, testar hipóteses, experimentar o novo e sentir seus efeitos, tudo isso pode ajudar pais e professores.


sexta-feira, 10 de setembro de 2010

AS BROMÉLIAS E A TEIA DE ARANHA



- Quanta bromélia junta! Formam um canteiro natural sobre a rocha.
- Olhe essa teia de aranha entre as folhas...
- Nem a tinha notado... Interessante: olhei e não a vi... Faltou alguma contingência para me fazer vê-la.
- Minha frase criou a contingência. Agora você a vê.
- Assim, no dia a dia, fica claro como o comportamento - de ver no caso - é controlado.
- Os cognitivistas diriam que você não “prestou atenção”, por isso não viu a teia.
- Nesse caso, “prestar atenção” antecederia ver? Seria um pré-requisito?
- Para os cognitivistas sim. No entanto, “prestar atenção” não é causa de ver. As contingências me levam a notar aspectos do meio, a “prestar atenção” em detalhes como a teia. Nesse sentido “prestar atenção”, definida como olhar para algo (teia) e nomeá-lo (“teia de aranha”) é comportamento.
- Mas, então, qual foi a contingência para eu ter notado as bromélias já que ninguém “chamou minha atenção” para eu vê-las?
- Neste caso, a contingência está na sua história de vida. Em algum momento, alguém lhe mostrou uma determinada planta (SD ) e lhe disse “Isto é uma bromélia” (SD verbal com função de modelo para nomeação). A partir daí, quando você diante de uma bromélia verbalizou “bromélia” (R verbal), sua comunidade verbal a consequenciou com algum tipo de reforço positivo (“Muito bem”, “Isso mesmo”, “Vê como as bromélias são lindas?”, etc.).
- Mas, se aprendi em casa o que é uma bromélia, como a reconheço nas rochas?
- Se o treino discriminativo foi repetido com diferentes tipos de bromélias, em diferentes circunstâncias, você, provavelmente, formou o “conceito bromélia”. Isto é, passou a ser capaz de dizer “bromélia” para muitos tipos diferentes de plantas, todas bromélias: generalizou dentro da classe de estímulos (bromélias grandes ou pequenas, floridas ou sem flores, ao vivo ou em fotos, etc.). Simultaneamente, discriminou entre classes de estímulos (não diz “bromélia” diante de uma avenca, ou de uma samambaia, etc.). Tendo formado o “conceito bromélia”, portanto, você está habilitada a identificá-la (uma vegetal bromélia tem função de SD para você) e a nomeá-la em qualquer ambiente.
- Se esse treino ocorreu no passado, onde ficou armazenado para eu usá-lo no presente?
- A idéia de “armazenamento” é cognitivista. Aquilo que foi aprendido não fica “guardado” em nenhum arquivo psicológico, de onde é retirado quando necessário.
- Mas, eu nem estava pensando em bromélias e quando as vi imediatamente as reconheci.
- O “conceito bromélia” está no organismo. Tudo que é aprendido (passou pela condição indispensável de ter sido exposto a uma contingência de reforçamento) passa a fazer parte do organismo. Assim, organismo é o conjunto formado pelo equipamento biológico e pelo repertório de comportamentos adquiridos.
- Entendo. Uma pessoa que nunca aprendeu o que é “bromélia” não poderia nomeá-la, mesmo a tendo diante dos olhos. Não teria pré-requisitos para vê-la. O que não entendo, então é, o papel dos olhos? Eu não vejo com os meus olhos?
- É uma questão interessante. A resposta é não. Os olhos, enquanto equipamento biológico, são um pré-requisito para o comportamento de “ver”, mas não bastam para ver. O que faz um organismo ver, através ou com os olhos, são as contingências que produzem uma discriminação visual.
- Como assim?
- Suponha que você olhe para uma lâmina com sangue através das lentes de um microscópio antes de uma aula prática sobre células sanguíneas. Embora, os diferentes tipos de células sanguíneas estejam lá você não conseguirá distingui-las. Após a aula, em que lhe foram ensinados os conceitos de eritrócitos, eosinófilos, basófilos, plaquetas, etc. você “verá” os diferentes tipos de células. Foram as contingências (produzidas pela aula) que lhe ensinaram a ver aquilo que você não via antes de ter os conceitos, embora as células estivessem o tempo todo diante de seus olhos. Assim, são necessários os olhos (parte do organismo) e as contingências ambientais para ocorrer o comportamento de ver.
- Acho que entendi. Preciso pensar mais sobre isso... Mas, se fui ensinada a ter o “conceito” de “bromélia”, ou seja, se sou, digamos, “um organismo bromeliado”, por que não fico dizendo “bromélia” o tempo todo?
- Porque o “conceito bromélia” está no organismo e também nas contingências ambientais. O “organismo bromeliado” , como você disse (aquele que incorporou o conceito de bromélia em função de sua história de vida) está apto para nomeá-la, mas precisa ser exposto a contingências que evoquem, num determinado momento ou contexto, a resposta verbal para, de fato, nomeá-la. Assim, poderia ser a visão de uma bromélia (SD ), a minha presença (um ouvinte com função de SD e com provável função de Sr ) como aconteceu no episódio. Poderia ter sido outra contingência, por exemplo, alguém perguntar “O que é uma bromélia?”, “Quem viu uma bromélia?", etc.
- Mas, houve um momento no nosso percurso em que sem ter visto nenhuma bromélia eu “pensei” nela.
- Pensou em quê exatamente?
- Pensei que nestas montanhas, bem que poderíamos encontrar bromélias...
- Seu pensamento estava, neste exemplo, sob controle do ambiente físico: um local onde há certa probabilidade de existirem bromélias. (É pouco provável que você pensasse em bromélias no meio do oceano, por ex., exceto sob circunstâncias arbitrárias especiais, como ouvir alguém dizendo “Estou com vontade de comer abacaxi..."). É um exemplo de generalização de estímulos. A probabilidade de pensar em bromélia depende da força da resposta: contingências sob as quais o comportamento foi instalado e o grau de semelhança entre os estímulos presentes e aqueles sob os quais a resposta foi condicionada.
- Você tem razão... Eu já havia visto bromélias em uma região semelhante a esta numa outra viagem que fiz. Agora, o que me chamou a atenção na sua explicação foi que você tratou o meu pensamento como se fosse um outro comportamento qualquer.
- Exato. Pensar é comportar-se. O pensamento é comportamento, sujeito às mesmas leis que qualquer outro comportamento. Sua única particularidade é o acesso para observá-lo. Como se trata de um comportamento privado, sua observação só é acessível à própria pessoa que se comporta (pensa): você no caso.
- Ainda uma coisa me deixa em dúvida... Quando você me perguntou em que exatamente eu havia pensado, dei-lhe uma resposta, mas não foi tudo. De fato, pensei que queria encontrar uma bromélia mas ,além disso, eu “vi” a bromélia que gostaria de encontrar. Posso até descrevê-la para você. Mas, como posso “ter visto” uma planta, com sua flor vermelha, se ela não estava ali?
- Quando você diz que “viu” alguma coisa, e neste caso você viu uma planta que não estava presente, está se referindo a uma outra classe de comportamentos encobertos, que não exatamente pensar. Usualmente, emprega-se nestes casos o verbo imaginar. Ou seja, você imaginou que estava vendo uma planta (é como se você estivesse vendo uma imagem). A concepção de ver uma imagem é também dualista: é como se existisse um objeto e uma cópia dele e em circunstâncias especiais nós vemos a cópia, a imagem. Um resquício da concepção religiosa de corpo-alma, que por sua vez se baseia na filosofia platônica do mundo das sensações e das idéias...
- Como explicar, então, que eu “vi” a bromélia florida?
- A explicação seria a mesma usada para explicar o comportamento de pensar, como foi feito acima, mas agora aplicado a outra classe de comportamento: “ver na ausência do objeto visto”. Assim, é necessário um SD ambiental, no caso região montanhosa, onde bromélias podem ser encontradas. Uma história passada em que existiram contingências que lhe ensinaram a discriminar (visualmente) uma bromélia, a ter um conceito visual de bromélia, ou, mais específico ainda, de bromélias com flores vermelhas e ainda lhe ensinaram que bromélias crescem e florescem em regiões montanhosas parecidas com a que você está escalando. Sem essa história de contingências e sem o controle de estímulo ambiental você não “veria” bromélias. A bromélia que você “viu” não está no mundo platônico das idéias, está na relação entre seu organismo e o aspecto funcional do ambiente; está nas contingências passadas e atuais.
 
 
HÉLIO JOSÉ GUILHARDI e PATRÍCIA B. P. DE S. QUEIROZ - (Instituto de Análise de Comportamento e Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento)
http://www.terapiaporcontingencias.com.br/pdf/helio/Bromelia_aranha.pdf

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Behaviorismo x Psicanálise


Freudiano: "Qual a natureza do problema e quando começou?"
Behaviorista: "Vamos conduzi-lo ao redor e ver o que acontece" 

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Pesadelos recorrentes




Interessante essa técnica.... bom saber que é possível alterar um sonho recorrente após imaginarmos repetidamente um novo enredo para esse sonho.
Mas aí não estaríamos condicionando nosso cérebro a se comportar do jeito que imaginamos, ou seja, a sonhar o que treinamos durante o dia??? Por exemplo, se eu ver algo de engraçado e pensar: - “Eu vou sonhar com isto”.... e ficar pensando “nisto” conseqüentemente eu sonho com “isto”.
Não estou criticando a técnica, acho útil em casos de pesadelos traumáticos como o citado na reportagem, mas acho que devemos ir mais além e analisar as contingências relacionadas aos sonhos.

A reportagem completa encontra-se aqui

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Palestra


Ansiedade e Respiração

11/09/2010 – 08:30
Profa. Monisee Zeitune, atua na cidade de São Paulo como professora e instrutora de Kundalini Yoga (certificada pelo Kundalini Research Institute). Academicamente, é bacharel em Administração pela FEA/USP e cursa Psicologia .

Esta e sua oportunidade de aprender a usar a respiração como recurso na diminuição e controle da ansiedade.
Não Percam!

Maiores informações clique aqui

domingo, 5 de setembro de 2010

Ciberbullying

Ciberbullying é a intimidação virtual realizada por meio de ações intencionalmente hostis e repetidas, cometidas por alguém de hierarquia superior, como um colega de escola mais popular.  O prefixo ciber deve-se ao fato de essas ações serem realizadas via telefone celular (mensagens de texto) ou internet (redes sociais).

Leia mais clicando aqui

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