quarta-feira, 11 de maio de 2011

Personalidades transtornadas (parte 3 de 7)

Mao - O Grandioso



Culto pessoal, bajuladores de plantão e uma teimosia que causou pelo menos 30 milhões de mortes. Saiba como o Grande Timoneiro levou a China a tremer diante da sua imagem.





Era uma vez na mitologia grega um belo homem chamado Narciso, que passara a vida e a morte admirando sua imagem num espelho d´água. É daí quem vem o nome do transtorno de personalidade narcisista. Mas, longe dessa suposta paz, o narcisista não suspira. Age ativamente para que seja considerado o melhor em tudo sempre. Mesmo que, para construir a imagem de Deus na terra, sacrifique mihões de pessoas de fome. Seu nome deve ficar na história - como fulgura o mausoléu de Mao Tsé-Tung em Pequim, no coração da Praça da Paz Celestial.
"A estrutura psíquica de Mao era produto de sua inabilidade em manter o equilíbrio narcisista regulando sua autoestima", escreve o historiador Michael Sheng. Isso é típico de narcisistas, que representam 1% da população. Eles acreditam ser seres superiores e, para comprovar essa crença, buscam reconhecimento, por sua influência, sua inteligência, sua grana ou sua beleza. Por isso, usam os outros como objeto de distinção. Gente comum é automaticamente descartada - mas terão bastante valor aqueles que puderem servi-lo ou admirá-lo. Não surpreende que Mao promovesse bajuladores. Na primeira vez que voou de avião, seu piloto passou a viagem tecendo-lhe elogios. Depois, foi alçado ao topo da aviação militar chinesa.
O poder é essencial para o narcisista. E, para desmonstrar seu  cacife, altera limites, toma decisões por conta própria, controla os outros e cria exceções para regras. Ele está acima das leis, mesmo as da natureza. Afinal, quem se julga tão especial acha que riscos são coisa pequena - desde ultrapassar o limite até conduzir um país a uma catástrofe.
Foi o que Mao fez ao promover o Grande Salto Adiante, uma polêmica reforma agrícola que, entre 1958 e 1960, matou ao menos 30 milhões de pessoas de fome. Ainda que soubesse das pessoas caindo feito moscas no campo, Mao nutria a fantasia de uma China feita por suas mãos. Estava tão inebriado pelo sucesso de sua imagem que todo o resto era detalhe - inclusive as mortes em massa. "E as pessoas mantinham seu culto justamente por estarem necessitadas de um ideal pelo qual viverem", diz Sheng.
Mao dominou com mão de ferro mais de um quinto da população do planeta entre 1949 e 1976. Foi o idealizador da Revolução Cultural, que expurgou "inimigos" do regime aos milhares e levou o país ao caos. Mas a China sobreviveu e ficou mais forte após sua morte. Aos poucos, a nação deixou de ser seu espelho.  


O que ele pensa: "Eu sou especial".



















Fonte: Super Interessante - Ed. Especial Mistérios da mente.

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