quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

FLOODING – INUNDAÇÃO – PREVENÇÃO DE RESPOSTA

Trata-se de uma técnica comportamental, na qual uma pessoa (em geral fóbica) é exposta completa, duradoura e intensamente ao objeto ou situação que gera fobia, sem possibilidade de fuga, nem esquiva.
Minha cachorra Júlia subia regularmente a escada que liga a sala de jantar ao meu quarto no andar superior. Até que a empregada encerou a escada e Júlia escorregou escada abaixo sem direito a nenhuma parada no percurso. A partir desse dia, a rotina mudou.
Não consegui convencê-la a voltar a usar a escada. Nem mesmo usando modelagem. Tinha que carregá-la para cima e para baixo, tarefa nada fácil, já que pesa mais de 30 quilos e fica completamente hiperativa quando a carrego. Desisti.
No Réveillon, Júlia estava sozinha em casa com Juca e Juana. Ela morre de medo de fogos de artifício. Na manhã seguinte, o rapaz que ficou responsável por eles na minha ausência a encontrou dormindo no meu Quarto. Estava lá em cima, olhando ternamente para ele, abanando o rabo. Não desceu porque estava retida por um portãozinho (que separa o último degrau da escada do hall de entrada para o meu quarto). O rapaz ficou espantado, perguntando-se como ela teria conseguido passar por entre as travessas do portão, aparentemente próximas demais para permitir sua passagem! Não sabendo da fobia de Júlia, simplesmente abriu o portão. Ela desceu sem hesitar!
Desde então, voltou a dormir no meu quarto. Sem cerimônias... Júlia superou a fobia da escada!
Acredito que o barulho dos fogos a induziu a enfrentar a escada em busca da “proteção” do meu quarto. Como sugeriu a Noreen, o barulho dos fogos teve o papel de uma operação estabelecedora (evento aversivo), durante a qual Júlia emitiu um comportamento de fuga disfuncional (correr para o quarto não reduz a intensidade, nem a aversividade do barulho de bombas e rojões de artifício). Ela escalou, assim, os degraus aversivos, superou o obstáculo do portão fechado – espremendo-se através do estreito espaço entre as barras de madeira – movida em fuga de um evento ainda mais aversivo, presente naquele dado momento.
São 23h00. Está na hora de dormir! Júlia já me espera no quarto! Está curada!



Texto redigido para a seção COTIDIANO do site www.terapiaporcontingencias.com.br - Hélio J. Guilhardi

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Marque presença. Deixe seu comentário, sugestão, críticas. Obrigada pela visita!!!

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...