segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Entrevista - B. F. Skinner

Com suas teorias pioneiras sobre o comportamento humano e as possibilidades de seu controle, nos anos 50 e 60, ele não ficou apenas célebre: chegou a ser comparado a Freud. Professor da Universidade de Harvard e expoente máximo da psicologia americana, B.F. Skinner (B. de Burrhus e F. de Frederic) é o grande papa da chamada “ciência do comportamento”, o behaviorismo. Em síntese, suas idéias sugerem que tudo pode ser perfeitamente previsível e, portanto, perfeitamente controlável no comportamento humano. Não é o indivíduo que controla o meio ambiente, e sim o contrário – este é o ponto de partida de sua teoria. Sendo assim, o homem reagiria a estímulos – da mesma forma que um rato, num laboratório, apresenta reações de medo ou satisfação, violência ou docilidade, desde que adequadamente estimulado. As idéias de Skinner propunham uma revolução nas ciências humanas – e jamais, desde que foram enunciadas, deixaram de provocar polêmicas. Alguns saudaram, na sua sugestão de que o indivíduo poderia ser induzido a agir de forma positiva ou negativa, uma vez convenientemente levado a uma ou outra direção, a possibilidade de surgimento de um homem novo. Outros, porém, logo suspeitaram nas técnicas de controle por ele formuladas um ranço totalitário capaz de produzir regimes tirânicos. Nos últimos meses, e agora já quase lendário aos 79 anos, B.F. Skinner voltou a freqüentar as páginas dos jornais com uma mensagem alarmista: a espécie humana, repete ele, caminha para a extinção. Ao mesmo tempo, ele cativa audiências ao aplicar sua controvertida técnica de controle do comportamento contra um inimigo universalmente detestado: a velhice, tema de seu ultimo livro, prestes a ser publicado, Vivendo bem a velhice. Skinner, na verdade, apresenta-se como a melhor propaganda do método que anuncia: quase octogenário, ele ainda trabalha diariamente em seu escritório de Harvard e viaja pelo mundo todo para conferências. 
 
Leia a entrevista dada por Skinner à Revista Veja clicando aqui.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Mouse Party

The simplified mechanisms of drug action presented here are just a small part of the story. When drugs enter the body they elicit very complex effects in many different regions of the brain. Often they interact with many different types of neurotransmitters and may bind with a variety of receptor types in a variety of different locations. For example, THC in marijuana can bind with cannabinoid receptors located on the presynaptic and/or postsynaptic cell in a synapse.
Where applicable, this presentation primarily depicts how drugs interact with dopamine neurotransmitters because this website focuses on the brain's reward pathway. Mouse Party is designed to provide a small glimpse into the chemical interactions at the synaptic level that cause the drug user to feel 'high'.

MOUSE PARTY
mouse

Escolha um ratinho clicando aqui  e veja os efeitos de determinadas drogas no organismo.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Especialização em medicina comportamental



Informações
Centro de estudos em Medicina Comportamental
Rua Borges Lagoa 1065 - cj 25
Vila Clementino - São Paulo - SP
Tel: 11- 5081-5405/ 5082-2382

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Dependência Química e o Cinema.

Não é de hoje que o cinema tem demonstrado uma estreita relação com a psiquiatria. É possivel observar tanto a expressão dos elementos da doença mental na arte, quanto o aparecimento das influências dos filmes nos mais variados fenômenos psicopatológicos; incluindo também os diversos aspectos que estão relacionados á dependência química.
Assim, o cinema através da videoterapia tem sido uma valiosa ferramenta para profissionais que desejam trabalhar a psicoeducação com seus pacientes portadores de transtornos relacionados ao uso de substâncias psicoativas, uma vez que consegue traduzir fenômenos e conceitos complexos para uma linguagem mais acessível e extremamente ilustrativa. Além é claro, de ser fonte de cultura, lazer e emoção.
Para saber mais sobre este assunto, sugerimos duas leituras, além da lista de filmes abaixo que podem ser muito bem, utilizados em settings de tratamento para dependentes químicos, desde que conduzido por profissional com habilidades de suscitar a discussão e promover o adequado debate.
1. Dependência Química e o Cinema. Pedalino MC & Cordeiro DC. IN: Diehl A, Cordeiro DC, Laranjeira R. Dependência Química: Prevenção, Tratamento e Políticas Públicas. CD Ron. Editora ARTMED, Porto Alegre, 2011.
2. Cinema e Loucura. Conhecendo os transtornos mentais através dos filmes. J . Landeira- Fernandez & Elie Cheniaux. Editora ARTMED, Porto Alegre, 2010.
1. Ray
2. Gia
3. Meu nome não é Johnny
4. Cazuza: o tempo não para
5. Elvis
6. Piaf
7. Despedida em Las Vegas
8. Quando um homem ama uma mulher
9. 28 dias
10. Profissão de Risco
11. Diário de um adolescente
12. Últimos dias
13. Cristiane F
14. Garrincha
15. Farrapo Humano
16. O Milagre da Rua Central
17. Réquiem para um sonho
18. A Vida Intima de Pipa Lee
19. Tina
20. É proibido Fumar
21. Trainspotting
22. Traffic
23. Drugstore Cowboy
24. Maria Cheia de Graça
25. Beleza Americana
26. Spun- sem limites
27. Dançando como loucos
28. Candy
29. Pulp Fiction - Tempo de Violência
30. Dois perdidos em uma noite suja
31. Coisas que perdemos pelo caminho
32. - Sob o efeito da água
33. - Alfa Dog
34. - Jonny e June
35. - O casamento de Rachel
36. - Medo e delírio
37. O psicólogo


quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

FLOODING – INUNDAÇÃO – PREVENÇÃO DE RESPOSTA

Trata-se de uma técnica comportamental, na qual uma pessoa (em geral fóbica) é exposta completa, duradoura e intensamente ao objeto ou situação que gera fobia, sem possibilidade de fuga, nem esquiva.
Minha cachorra Júlia subia regularmente a escada que liga a sala de jantar ao meu quarto no andar superior. Até que a empregada encerou a escada e Júlia escorregou escada abaixo sem direito a nenhuma parada no percurso. A partir desse dia, a rotina mudou.
Não consegui convencê-la a voltar a usar a escada. Nem mesmo usando modelagem. Tinha que carregá-la para cima e para baixo, tarefa nada fácil, já que pesa mais de 30 quilos e fica completamente hiperativa quando a carrego. Desisti.
No Réveillon, Júlia estava sozinha em casa com Juca e Juana. Ela morre de medo de fogos de artifício. Na manhã seguinte, o rapaz que ficou responsável por eles na minha ausência a encontrou dormindo no meu Quarto. Estava lá em cima, olhando ternamente para ele, abanando o rabo. Não desceu porque estava retida por um portãozinho (que separa o último degrau da escada do hall de entrada para o meu quarto). O rapaz ficou espantado, perguntando-se como ela teria conseguido passar por entre as travessas do portão, aparentemente próximas demais para permitir sua passagem! Não sabendo da fobia de Júlia, simplesmente abriu o portão. Ela desceu sem hesitar!
Desde então, voltou a dormir no meu quarto. Sem cerimônias... Júlia superou a fobia da escada!
Acredito que o barulho dos fogos a induziu a enfrentar a escada em busca da “proteção” do meu quarto. Como sugeriu a Noreen, o barulho dos fogos teve o papel de uma operação estabelecedora (evento aversivo), durante a qual Júlia emitiu um comportamento de fuga disfuncional (correr para o quarto não reduz a intensidade, nem a aversividade do barulho de bombas e rojões de artifício). Ela escalou, assim, os degraus aversivos, superou o obstáculo do portão fechado – espremendo-se através do estreito espaço entre as barras de madeira – movida em fuga de um evento ainda mais aversivo, presente naquele dado momento.
São 23h00. Está na hora de dormir! Júlia já me espera no quarto! Está curada!



Texto redigido para a seção COTIDIANO do site www.terapiaporcontingencias.com.br - Hélio J. Guilhardi

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Para pensar...1

"Quando abrimos os olhos todas as manhãs, damos de cara com um mundo que passamos a vida aprendendo a ver. O mundo não nos é dado: construímos nosso mundo através da experiência, classificação, memória e reconhecimento incessantes. Mas quando Virgil abriu os olhos, depois de ter sido cego por 45 anos - tendo um pouco mais que a experiência de uma criança de colo, há muito esquecida -, não havia memórias visuais em que apoiar a percepção; não havia mundo algum de experiência e sentido esperando". Oliver Sacks (Um antropólogo em Marte)



segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

AUTO BIOGRAFIA DE UM RATO

Meu nome é Ludovico. Sou um rato branco e nasci no Instituto Superior de Psicologia. Como se vê sou muito importante, afinal sempre entendi que um rato para ter “status” precisa nascer no Instituto.
Minha família é numerosa, e nasci órfão de pai. Talvez, isto possa ser classificado como “problema familiar”. Pelo que tenho lido de Freud, problemas na infância podem ter sérias conseqüências na idade adulta. Na verdade não estou muito preocupado, pois creio que tenho um “ego” bem estruturado e personalidade equilibrada...
Sou o oitavo filho de uma família de quatro irmãos e quatro irmãs. Todos nascemos normais, mas gostaria de ter tido pelo menos um irmaõzinho com oligofrenia fenil pirúvica, ou, talvez, psicose maníaco depressiva, só para observar-lhe o comportamento, e quem sabe controlar algumas variáveis...
Na minha infância, que durou 25 dias ao lado da mamãe, não fiz outra coisa que comer, dormir, crescer e começar a ficar bonitinho. A vida teria sido mais fácil se não fosse a competição pela comida; meus irmãos eram demasiadamente famintos, exatamente como eu. Creio que para vivermos em melhor harmonia seria preciso uma dinâmica de grupo em família.
Separado da mamãe, cresci acompanhado de meus três irmãos e esse foi um período divertido. Brincávamos o dia todo, e como nascemos numa escola, nunca tivemos o problema de “ir para a escola”... Nas minhas horas de folga lia Mickey Mouse, até que me aconselharam a ler Freud, Skinner, Keller, e até o livro de Krech-Crutchfield tive nas mãos, sem contar as apostilas do Dr. Bernardo...
Nunca me preocupei com o que seria no futuro, mas, é claro, o sonho de qualquer rato é ser campeão em percorrer labirintos. Esperei ansiosamente até completar 90 dias, pois o Prof. Luís Otávio não nos permite começar a trabalhar antes, e não pude concretizar aquela minha aspiração, pois a “moda” agora é outra. Acabaram dando-me uma barra limpa, mora! Aliás, como diz o Keller - Schoenfeld uma das grandes vantagens de pressionar a barra é que o animal trabalha no seu próprio ritmo: eu sou da onda do iê-iê-iê, e já viu meu ritmo... minha freqüência de resposta é uma lenha... Não tenho calhambeque, mas minhas curvas são arrojadas. No meu último experimento foi negativamente acelerada. Meu melhor divertimento é ir ao laboratório. Subo com uma sêde danada, mas já condicionei meu dono a me colocar dentro da caixa de Skinner onde bebo minhas gotinhas d’água.
Tenho muitas admiradoras, mas apesar de a Raquel Sampaio querer, insistentemente que me case, sou do tipo que não pensa em casamento.
Minha vida de modo geral é boa, apesar de viver numa gaiola, e passar à ração e água. Às vezes, passo por maus bocados, quando meus donos se esquecem de mim, e então, posso ficar realmente em perigo de vida, dias sem beber.
Não mordo ninguém, e pelo contrário gosto muito de receber carinhos. Aliás, condição indispensável para uma conduta murina normal é ser tratado com cuidado, benevolência, e muito “cafuné”. Caso contrário teremos que fazer psicoterapia, e quem sabe necessitar de um “divãzinho”.
Quanto ao futuro já estou conformado. Nunca revelei a nenhum colega para não alarmar os mais emotivos, mas li por acaso numa instrução que morreremos “o mais humanamente possível”. Seja assim... por amor à ciência

AUTO BIOGRAFIA DE UM RATO - Hélio J. Guilhardi, disponível em: http://www.terapiaporcontingencias.com.br/pdf/helio/Autobiografia_Rato.pdf

sábado, 8 de janeiro de 2011

Meus queridos leitores, ficarei sem postar durante 2 (duas) semanas......mas é por um bom motivo; estarei em SP fazendo um curso de extensão em Análise do Comportamento. Assim que voltar retornarei às postagens e com certeza com várias novidades. 

 

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A importância da pesquisa de laboratório para a produção de conhecimento em psicologia

Os eventos que influenciam nosso comportamento não ocorrem isoladamente. Assim, para entendermos uma situação, devemos nos desvencilhar dos detalhes não essenciais e analisá-la. Analisar uma coisa é simplesmente quebrá-la em suas partes componentes. Para este propósito voltamo-nos para o laboratório. Começamos com os estudos em ambientes simples e organismos mais simples do que nós próprios. Logicamente, devemos encarar a objeção de que um experimento de laboratório é artificial e, portanto, não apropriado ao estabelecimento de generalização sobre aprendizagem fora do laboratório. Mas, para podermos desenvolver técnicas e vocabulários para lidar com a complexidade, devemos começar com a simplicidade.
O ambiente controlado do laboratório nos permite examinar uma coisa por vez. Podemos programar as circunstâncias de modo a saber exatamente o que entra na situação experimental; se formos cuidadosos, poderemos excluir as interferências que poderiam, de outro modo, obscurecer os processos que desejamos estudar. A simplicidade de nosso ambiente de laboratório pode também nos ajudar a ver os diferentes aspectos da aprendizagem mais facilmente. Temos que ser capazes de identificar os eventos antes que possamos estudar suas propriedades. Uma maneira de começar é olhar para o comportamento que não envolve linguagem porque ele provavelmente será mais simples que o comportamento que a envolve. A maneira mais fácil de fazê-lo é olhar para o comportamento de organismos não humanos. O que eles nos dizem sobre o comportamento sem palavras pode mais tarde nos auxiliar a analisar o que é especial a respeito do comportamento com palavras.
... Procedimentos para o estudo do comportamento algumas vezes são chamados de operações experimentais e as mudanças produzidas no comportamento são chamadas algumas vezes de processos comportamentais. Estudamos a relação entre os eventos no ambiente e as respostas do organismo, ao manipularmos o ambiente e observarmos como isto afeta o que o organismo faz. Operamos sobre o ambiente do organismo ou, em outras palavras, efetuamos operações experimentais. Na análise do comportamento, as operações são o que o experimentador faz ou arranja e os processos são as mudanças que resultam no comportamento. Procedimentos particulares de aprendizagem podem ser descritos em termos destas operações, consideradas só ou em combinação. Logicamente, a operação mais simples consiste meramente em observar o comportamento. O comportamento que observamos nos diz o que um organismo é capaz de fazer. Mas, porque não temos qualquer controle sobre os eventos, quando só observamos, podemos ser incapazes de tirar conclusões sobre as causas do comportamento. Portanto, devemos intervir...). (Catania, 1992, pp. 4, 15).

Livro Learning (Aprendizagem); 1992 (3.a edição).

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Não sei, não vi, não é comigo.


Violência é todo e qualquer ato que produz danos e sofrimento a outra pessoa, sejam estes físicos ou emocionais; diretos ou indiretos. A violência assume diversas formas: agressão, opressão, maus tratos, hostilidade, indiferença, vandalismo, destruição da natureza etc. Ela não está mais em determinados locais (distantes de nós), onde possa haver conflitos e guerras. Ela está à nossa volta, nos mais diversos lugares, como nas escolas, nas ruas e no trânsito, no trabalho, nas casas dos vizinhos e dos amigos, e muitas vezes em nossas famílias. Mesmo assim, consideramos que a violência não nos atinge, que ela faz parte de um outro mundo, de outras realidades. Mostrar-se alheio e indiferente com a violência que vivenciamos em nosso dia-a-dia é uma forma de nos esquivarmos, um tipo de comportamento que, geralmente, apresentamos quando somos ameaçados e corremos o risco de sermos punidos. Isto é fácil de ser entendido, porque aqueles que se opõem à violência, muitas vezes, também são agredidos e passam para a categoria de vítimas. Assim, acabamos vivendo em uma sociedade em que a esquiva, que a maioria das pessoas apresentam diante da violência, mantém um sistema no qual a violência passa não só a ser tolerada, mas também silenciada, protegida. Ela é protegida quando, por exemplo, não denunciamos agressões praticadas em nossos lares, contra as crianças ou contra nós mesmos. Desta forma, os atos de violência são valorizados, o que caracteriza a cultura da violência e da coerção. Assistimos passivamente a violência contra as pessoas, sendo as principais vítimas os mais pobres, as mulheres, os jovens, as crianças e os idosos. O que se configura na cultura da violência é um acentuado descompromisso do indivíduo com as regras de convívio social. As vítimas, que somos nós mesmos, têm que escolher entre a violência que menos as agride. Aderimos à coerção ficando amargos, permanecendo em constante vigilância, ignorando o que acontece à nossa volta e nos submetendo. E, como a violência gera violência, passamos, nós mesmos, a sermos violentos e a usar coerção contra o nosso próximo - somos reféns das contingências coercitivas. (Contingência designa as relações entre as condições do ambiente físico e social e o comportamento das pessoas). Por que diante desse quadro e dos problemas que enfrentamos por causa dessa cultura da violência, não fazemos nada? Se sabemos que as origens e os fatores que geram e mantêm a violência estão nas contingências coercitivas e na desigualdade social, que contingências nos fariam passar do conhecimento para a ação? E como diminuir a violência sem sermos violentos?

Texto de Verônica Bender Haydu, diponível em: http://www.uel.br/pessoal/haydu/textos.html

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

PERSONALIDADE BORDERLINE

O termo “personalidade” pode ser definido como a totalidade dos traços emocionais e comportamentais que caracterizam o indivíduo na vida cotidiana. É relativamente estável e previsível. Quando tais traços apresentam um padrão mal adaptativo, inflexível e que causa prejuízos ao sujeito ou aos que o cercam, falamos de um Transtorno da Personalidade (Kaplan & Saddock, 1997).
Desde a década de 80 tais transtornos tem recebido atenção significativa das comunidades científica e leiga e sendo assim, esse diagnóstico foi se popularizando. Segundo Cloninger (1993), em seu brilhante modelo psicobiológico para o estudo da personalidade, há inclusive razões sociais para isso. Na virada para o século XX, Freud se deparou particularmente com os esforços feitos pelos seus pacientes para expressar seus impulsos considerados então “imorais”, por exemplo, impulsos sexuais ou agressivos. Quando tais impulsos não tinham destino satisfatório para a psiquê, emergiam os sintomas neuróticos, muito relacionado ao recalque e à repressão. Daí os quadros mais comuns por ele estudados, como a histeria, sintomas obsessivos e ansiosos.
Atualmente, aspectos agressivos e sexuais são mais amplamente expressados e socialmente aceitos. Transmutados pela cultura, hoje ninguém mais estranha termos como competitividade, empoderar, dominante, homossexual, transar e ficar, por exemplo. Dessa maneira, questões mais relacionadas à identidade que à moralidade são mais pertinentes e revestem a atual “psicopatologia da vida cotidiana” (Cloninger, 1993). São mais frequentes hoje casos de pacientes que sentem raiva ao invés de ansiedade, que são ambivalentes ao invés de inibidos e que estão às voltas com o significado e não com a culpa em suas atitudes.
Tais pacientes, quando preenchem critérios clínicos dentro da classificação psiquiátrica, constituem a maioria dos pacientes com Transtornos de Personalidade (TP).
Dentro desses Transtornos, um grupo bem definido de pacientes é o grupo portador do Transtorno de Personalidade Borderline (TPB). Tais pacientes apresentam um padrão comportamental de instabilidade afetiva e interpessoal, grande impulsividade, tendência a evitar o abandono (real ou imaginário), episódios de automutilação, sensação de vazio crônico, expressão inapropriada da raiva e a falta de um senso de identidade consistente (DSM IV-TR, 2004).
Na maioria das vezes, esse diagnóstico é feito em pacientes do sexo feminino (2♀: 1♂), em idade adulta, e que já foram assistidas previamente em Saúde Mental em consequência do abuso de substâncias, tentativas de suicídio, transtornos alimentares ou oscilações de humor. A prevalência desse TP é de 0,7 a 1,8% na população geral e de até 25% na população psiquiátrica. (Paris, 2008)
Nesses pacientes há, caracteristicamente, a oscilação da aparente normalidade para uma crise aguda com manifestações intensas tais como tentativas de suicídio, automutilação ou agressividade em relação a outras pessoas. Há também grande dificuldade de definir projetos e preferências pessoais que resulta em um grande sentimento de vazio, e ainda a tendência a adotar um comportamento explosivo, especialmente quando os atos impulsivos são confrontados (Taborda e cols, 2004).
Muito importante também é ressaltar que tais pacientes, não possuindo um senso consistente de identidade, tendem a fundir-se e confundir-se com as pessoas próximas, podendo fazer de tudo para evitar o abandono e desenvolvendo, portanto relações interpessoais bastante intensas e problemáticas (Taborda, 2004 e Kernberg, 1995). A equipe de saúde, obviamente, não escapa desse padrão de relacionamento e precisa estar bem preparada para lidar com ele.
Apesar da gravidade, o TPB tem tratamento e é muito importante que o paciente procure ajuda, pois está mais suscetível a desenvolver outros quadros psiquiátricos, tais como depressão, transtornos ansiosos e dependência química. Além disso, a dificuldade de relacionamento interpessoal dificulta e muito a vida desses pacientes, que não conseguem na maioria das vezes estabilidade profissional ou afetiva e tem sua funcionalidade muito reduzida.
O tratamento do TPB compreende sempre a combinação de medicação com psicoterapia e um olhar muito atento da equipe. Os profissionais que cuidam desses pacientes devem estabelecer condições que viabilizem o tratamento, dar limites claros e objetivos para que o acompanhamento flua e otimizar a aliança médico-paciente.

Texto escrito por Dra. Ana Carolina Barcelos Cavalcante Vieira (Médica Psiquiatra). O texto original pode ser lido clicando aqui .

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Dúvidas sobre reforço negativo e punição.

Um dos meus leitores fez a seguinte pergunta:
- Reforçamento negativo e punição podem ocorrer simultaneamente?
- Isso ocorre sempre?? Tipo, todas às vezes que ocorrer o reforçamento negativo ocorrerá a punição?
Minhas respostas:
- Sim para a primeira pergunta e não para a segunda; reforço negativo e punição podem sim ocorrer ao mesmo tempo mas não necessariamente reforço negativo é consequencia da punição ou vice-versa.
Essa é uma dúvida frequente e comum, eu mesma demorei um tempo para entender bem esses conceitos e confesso que até hoje tenho que pensar muito para ver quais desses conceitos cabem melhor numa situação.
Para esclarecer melhor essa confusão tentei criar algumas situações para explicar estes conceitos.
Vamos  imaginar as seguintes situações:
Situação 1 - Imagine um dia quente e você está com muito calor e as janelas da sala estão fechadas, o que você faz? Você vai lá e abre a janela, ou liga o ventilador ou o ar condicionado. O que você fez? Eliminou o aversivo, que é o calor (reforço negativo).

Situação 2 - Você está com fome. Você vai até a cozinha e prepara algo para comer; comendo algo você está eliminado um estímulo aversivo (a fome), novamente seu comportamento foi reforçado negativamente.

Situação 3 - Você trabalhou o dia inteiro e está com um terrível dor de cabeça. Você chega em casa e toma uma aspirina para se livrar da dor (eliminar o aversivo - dor de cabeça). Depois de um tempo a dor passa e é bem provável que dá proxima vez que sentir dor de cabeça você tomará uma aspirina, seu comportamento foi reforçado negativamente.

Situação 4 - Imagine que você tem um cachorro e ele teima em lamber a mão das visitas. Você vai lá e dá um tapa nele (ohhh dózinha não faça isso..rsrs). Você puniu (positivamente) seu cão, provavelmente ele não fará isso novamente. Aqui temos um exemplo de reforçamento negativo + punição. O cão teve uma resposta punida, com isso a situação (receber visitas) se torna aversiva. Diante desta situação o cão poderá emitir uma resposta de fuga/esquiva que será reforçada negativamente pela retirada da condição aversiva (o tapa).
IMPORTANTE: a punição não instala comportamentos desejados

Situação 5 - Nessa mesma situação do cão com a visita, se olharmos para o comportamento do dono do cão (dar um tapa no cão) podemos dizer que o comportamento do dono foi reforçado negativamente, pois ele retirou algo aversivo (a cão ficar lambendo a mão das visitas é uma situação meio chata, então para evitar isso ele vai lá e dá um tapa no cãozinho).

Situação 6 - Imagine que você recebeu uma multa no trânsito. Você foi punido por ter emitido um comportamento inadequado (desrespeitando as regras), dá próxima vez você respeitará as regras. Você teve uma resposta punida, com isso a situação (receber multa) se torna aversiva. Diante desta resposta você emitirá um comportamento de fuga/esquiva que será reforçada negativamente pela retirada da condição aversiva (outra multa). Multa é estímulo aversivo e das próximas vezes você provavelmente evitará falar ao celular dirigindo, evitará dirigir sem o cinto, evitará ultrapassar a velocidade, etc.

Esses conceitos poderão ser vistos e melhor estudados no livro "Aprendizagem - comportamento, linguagem e cognição" - A. C. Catania. 

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Psicologia, psicologias: velhos e novos olhares.

Algumas considerações sobre o passado, o presente e o futuro da Psicologia com ciência, profissão e ensino.

Em texto preparado para o Congresso Mundial de Psicologia (Beijing, China, 2004), a International Union of Psychological Science informou que havia aproximadamente meio milhão de psicólogos no mundo. Atuando em diversos contextos, vão longe os tempos em que a sua atuação, nos países desenvolvidos, se limitava às áreas clínica, educacional e organizacional. Nas últimas décadas os conhecimentos expandiram-se vertiginosamente, demandando contínua atualização. No Brasil, que hoje tem mais de uma centena de cursos, nos quais se formam mais de cinco mil psicólogos anualmente, é preocupante constatar que o que se ensina, aprende e pratica não parece refletir os altos padrões de qualidade, o estado atual da arte e a multiplicidade dos progressos ocorridos nas últimas décadas.

Para ler o texto completo clique aqui.

domingo, 2 de janeiro de 2011

TOC

O Transtorno Obsessivo Compulsivo (usualmente identificado pela sigla TOC) é, tradicionalmente, conceituado como um transtorno no qual ocorrem manifestações de obsessões e compulsões. As obsessões são imagens, idéias, impulsos ou pensamentos repetitivos (visuais ou auditivos) que produzem ansiedade e desconforto para os indivíduos. As compulsões, por sua vez, são respostas (ações) repetitivas e/ou estereotipadas emitidas para prevenir ou eliminar as obsessões e a ansiedade. Vale ressaltar que nem todo pensamento ou ação repetitivos podem ser classificados como obsessivo-compulsivos. Às vezes nós podemos realizar alguma superstição ou mesmo um ritual, mas esses comportamentos serão considerados como compulsivos apenas se ocuparem um tempo considerável em nossas rotinas, ocasionando, conseqüentemente, um grau de sofrimento ou impedimento para realização de outras atividades, ou seja, se produzirem um comprometimento social. A ciência conseguiu esclarecer que o TOC é um problema multideterminado, ou seja, há uma predisposição genética (componente biológico) para o desenvolvimento do TOC, além das influências ambientais e culturais, as quais também têm grande relevância no seu desenvolvimento ou mesmo na sua manutenção. Reconhecer tais determinantes do TOC é importante para o encaminhamento adequado a tratamentos psicoterapêuticos (com psicólogos) e farmacológicos (com psiquiatras). Análise do Comportamento prioriza as variáveis ambientais como condições necessárias para a instalação e manutenção de qualquer comportamento. Sendo assim, para a terapia comportamental, há necessidade de o terapeuta analisar e intervir a partir da história de vida do indivíduo, identificando as contingências passadas e atuais para compreender e definir as variáveis que controlam e mantém os padrões comportamentais indesejados atuais. Tendo essa análise como referência, faz-se importante a inclusão de várias práticas psicoterapêuticas, dentre as quais a mais sistematicamente usada e avaliada é a técnica de exposição com prevenção de respostas, para um tratamento mais eficaz. E sendo assim, o terapeuta terá como meta não apenas a redução da freqüência e da intensidade de respostas obsessivo-compulsivas, mas também uma compreensão da função de tais comportamentos para esse indivíduo. A análise e alteração de padrões comportamentais, que provavelmente vêm trazendo sofrimento ao cliente e às pessoas relacionadas a ele, são primordiais para uma maior extensão dos resultados alcançados com a psicoterapia e para melhorar sua qualidade de vida. O portador de TOC não sofre apenas pela presença das obsessões e compulsões debilitantes, mas uma ampla gama de comportamentos de seu repertório social, profissional, afetivo etc. está concomitantemente comprometida e o tratamento deve igualmente privilegiar estes aspectos de desenvolvimento da pessoa. Em suma, a terapia comportamental associada à farmacoterapia é considerada hoje a primeira opção de tratamento para o TOC. Felizmente, na maioria das vezes, essa associação psicoterapia-farmacologia consegue atenuar ou eliminar completamente os sintomas obsessivo -compulsivos.

Texto escrito por Tatiana Lance Duarte. Disponível em: http://www.terapiaporcontingencias.com.br





sábado, 1 de janeiro de 2011

Feliz 2011!!!

O Planeta Behavior deseja a todos um excelente início de ano. Que em 2011 todos os sonhos e desejos se tornem reais... 








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