O álcool está presente na maioria das comemorações, e muitos acreditam que tomar um porre é uma travessura adolescente sem maiores conseqüências. Mais que isso, em algumas culturas, o primeiro porre é considerado rito de passagem.
Oito a dez por cento da publicidade da TV anuncia bebidas alcoólicas, em especial em programas esportivos e voltados para os Jovens. Ao mesmo tempo as bebidas alcoólicas são o sexto produto mais divulgado na publicidade. Oitenta por cento dos adolescentes já beberam uma vez na vida segundo pesquisa realizada pela UNICEF.
Outra pesquisa desta mesma instituição aponta que 33% de alunos de ensino médio fazem consumo excessivo do álcool, pelo menos uma vez por mês, bebendo grandes quantidades em curto espaço de tempo.
O consumo de álcool começa em média aos 12 anos, e muitas vezes no próprio lar. Muitos desses jovens vêem os pais embriagados. Estes dados reforçam a idéia de que a bebida alcoólica faz parte do universo do adolescente e dos adultos cotidianamente, sendo seu abuso tolerado e muitas vezes não combatido até que as conseqüências se tornam tão visíveis que não se pode ignorá-las.
Essas conseqüências no adolescente são principalmente:
- Diminuição do aproveitamento escolar.
- Perda do interesse em atividades próprias da idade como namorar, pratica de esportes.
- Crises de ansiedade, pânico e quadros depressivos.
- Alterações orgânicas importantes, tanto neurológicas, quanto do fígado e pâncreas.
- Ganho de peso.
Como aponta a Dra. Ana Beatriz Barbosa e Silva: “ cada porre com aqueles brancos do que ocorreu no dia anterior, custa ao cérebro a morte de alguns milhares de neurônios. Isso em longo prazo é capaz de reduzir toda a capacidade cognitiva, produtiva e executiva de uma pessoa”.
Mais grave ainda é o fato de que quanto mais longo é o histórico de consumo, mais profundos e difíceis de cuidar são os problemas decorrentes do abuso, tanto físicos quanto psicológicos. Por isso é importante a atenção dos pais e das instituições de ensino ao comportamento do jovem e seu grupo de amigos.
O alcoolismo tem sim um componente genético, sendo comprovado em diversas pesquisas científicas, tanto em âmbito nacional e internacional. Assim famílias com ancestrais que tiveram problemas com álcool devem ter cuidado redobrado com seus jovens, pois eles tem 50% mais chances de ter problemas com o consumo de álcool.
Caso seja diagnosticado no jovem um problema ligado ao consumo excessivo de álcool, o primeiro passo para o tratamento é uma mudança dos hábitos familiares do consumo de bebidas: é necessário que o álcool se torne menos presente no cotidiano dessa família e conseqüentemente desse adolescente.
Mais que isso, é fundamental que esse jovem repense sua relação com o álcool, e o melhor caminho para isso é sempre um processo psicoterápico de qualidade, seja individual ou em grupo.
O processo psicoterápico é de grande valia para o entendimento da relação entre o grupo ao qual esse adolescente pertence e o álcool, e mais que isso qual a importância desta substancia nas suas relações interpessoais. Num segundo momento a psicoterapia pode ajudar em muito esse jovem a entender e modificar a sua relação pessoal com o álcool.
A mudar essa relação com o álcool e o conseqüente entendimento do efeito desta substancia, como elemento presente nas relações interpessoais, leva inevitavelmente à mudança de conduta frente ao consumo da bebida.
Autoria: Dr. Diego Amadeu Batista Bragante
Texto disponível em: http://www.medicinadocomportamento.com.br/textos_temaslivres9.php
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