quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Síndrome de Tourette

Desconhecida, síndrome de Tourette causa tiques motores e sons involuntários
Quando a família do engenheiro Ricardo Pimentel se reúne para jantar não é raro que seu filho único, adolescente, solte um sonoro “filho da p…” no meio da conversa.
R., 15, não é rebelde nem mal educado: é portador de Tourette, síndrome neurológica que faz a pessoa emitir sons (às vezes, palavrões) de forma involuntária e desenvolver tiques motores.
Aos quatro anos, o menino dava pulinhos, ficava piscando os olhos e girando no chão. Instigado, o pai desconfiou de algo errado e o levou a um neurologista, que fez o diagnóstico. Isso é raro.
Os sinais da síndrome começam a ser percebidos por volta dos seis anos. Em muitos casos, a doença permanece na fase adulta.
“A pessoa não escolhe o que fala ou o como gesticula. Acontece sem ela querer”, explica a psiquiatra Roseli Shavitt, coordenadora do Protoc, grupo ligado ao Hospital das Clínicas de São Paulo, que estuda os transtornos obsessivo-compulsivos.
O transtorno é desconhecido até no meio médico, diz Shavitt. “É até fácil diagnosticar. O difícil é achar profissional habilitado.”
Depois de ter frequentado cinco escolas, os pais de R. optaram por um ano só de “atividades extracurriculares” para o menino: música, italiano, natação, cursos de raciocínio e até de modelo.
Isso porque R. sofreu “bullying” muitas vezes, segundo o pai. Era chamado de “agitadão” e se isolava.
“Inclusão é uma palavra bonita, mas na prática é pouco usada”, diz Pimentel, 51.
Hoje, o adolescente toma remédios para atenuar os sintomas e vai a sessões de psicoterapia para aprender a lidar com os tiques motores.


 

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