segunda-feira, 2 de maio de 2011

Personalidades transtornadas (parte 1 de 7)

Melvin - o perfeccionista 


Rabugento, moralista, cabeça-dura e workaholic. O personagem de Jack Nicholson em Melhor Impossível tornou-se sinônimo de personalidade compulsiva - presente em 1% das pessoas.







Melvin Udall está concentrado, escrevendo em sua máquina um trecho de mais um livro, enquanto repete em voz alta, quase com carinho, cada nova sentença.
"E finalmente ela conseguiu definir amor. O amor era"...mais eis que alguém bate na porta. Udall ignora. O trabalho é tudo o que importa. "O amor era..." - e lá vêm as batidas. Ele se levanta, xingando, e escurraça o pobre Simon. "Eu trabalho em casa. E estou sempre trabalhando. Então nunca, nunca me interrompa, ok? Nem se houver fogo!"
Há uma explicação para o comportamento do escritor rabugento de Melhor Impossível: transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva, ou TPOC. Udall é tão preocupado com sua sagrada rotina que esquece o porquê do que faz. Não que ele sofra com isso: o que o deixa ansioso é a possibilidade remota de ter de mudar um milímetro na série de regras que controem seu cotidiano.
O que faz sua mania virar um transtorno? Bem, as consequências. Seu perfeccionismo interfere no resultado de suas tarefas. Ele perde amigos, relacionamentos amororos degringolam, já que sua sacrossana rotina acaba sendo mais importante que a mulher por quem se apaixonou. No controle de tudo, Udall fica tirânico, desagradável, insuportável. O indivíduo com personalidade obsessivo-compulsiva é tão apegado a regras que vira um moralista dos costumes, intolerante com as diferenças. Udall tem tantos preconceitos que vira uma caricatura.
Mas aí vale uma ressalva. O TPOC é diferente do Transtorno Obsessivo-Compulsivo - o famoso TOC. As obsessões do TOC causam sofrimento para a pessoa - como quem toma vários banhos por dia e ainda assim não conseguem sentir-se limpo ou verificam inúmeras vezes a torneira.  Quem tem TOC pode ficar paralisado pela mania, sofrer com suas causas, entrar em desespero. Já no TPOC, segue suas regras por puro perfeccionismo. Quem tem que mudar são as pessoas ao seu redor.
Claro, muitas vezes o TPOC e o TOC acontecem ao mesmo tempo. É o caso de Udall, incapaz de usar o mesmo sabonete duas vezes. Como boa parte dos transtornos de personalidade, o TPOC é tratado com psicoterapia e, às vezes, antidepressivos. A pessoa não se cura, mas consegue diminuir a rigidez de seu comportamento. Como Udall fez, ao aceitar as determinações do psiquiatra e tomar remédios. Claro, toda concessão é um troféu. "Isso é um elogio a você", diz ele a Carol, por quem está interessado. "Você me faz querer ser um homem melhor."      
clique na imagem para ampliar
O que ele pensa: "Não posso errar."


















Fonte: Super Interessante - Edição especial Mistérios da Mente 

2 comentários:

  1. Olá Fabiana,
    Tenho acompanhado seu blog e o acho muito interessante!Uma ótima fonte de informação sobre a análise do comportamento.Textos claros e curtos sobre coisas que vemos no contidiano.

    Parabéns pelo ótimo conteúdo!

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  2. Obrigada Pedro, bom saber disso...apesar de que nas ultimas semanas anda meio sem tempo para postar...seu comentario foi estimulo reforçador...abços

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