Bazinga??? Isso mesmo, você leu certo. “Bazinga” é uma expressão usada pelo nerd Sheldon Lee Cooper, personagem fictício da série The Big Bang Theory. Sheldon é extremamente inteligente, possui dois doutorados e um mestrado. Mas Sheldon apresenta alguns comportamentos e/ou características que nos sugere ser alguém com Síndrome de Asperger, um transtorno do espectro autista. Algumas características do portador da Síndrome de Asperger são: pouca habilidade social, dificuldades em processar e expressar emoções (este problema leva as outras pessoas ao afastamento, por pensarem que o indivíduo não sente empatia), interpretação literal da linguagem, dificuldade com mudanças em sua rotina e com pessoas desconhecidas ou que não vê há muito tempo e comportamentos estereotipados.
O personagem fictício tem pouca habilidade social e impõe uma regra de convivência que chama de "strikes": cada vez que alguém faz algo que vai de encontro a suas regras, a pessoa comete um "strike". Ao completar três "strikes", esta pessoa ficará fora de seu grupo social por um ano ou até assistir a uma aula sua sobre as regras de convivência. Sheldon não tem muita empatia para com seus amigos ou namorada (Amy); apresenta alguns comportamentos estereotipados (como piscar os olhos e mexer o canto dos lábios quando é contrariado, principalmente, por seu amigo Leonard); e o lado esquerdo do sofá é dele e ninguém mais pode sentar ali. Sheldon também não compreende sarcasmos ou metáforas. Quando algum de seus amigos usa uma metáfora, ele pára, pensa no que seu amigo falou e o corrige usando termos científicos.
Quando Sheldon tenta ser irônico ou sarcástico ele se utiliza da expressão “Bazinga”. Por mais diferentes que sejam as contingências, a topografia é sempre a mesma (Bazinga), seguida ou não por uma outra expressão. Se Sheldon está contente ele lança um “Bazingaaa”, se Sheldon está triste ele fala “bazinga”, se Sheldon está com raiva ele fala “Bazinga, punk! Now we're even!” como aconteceu em um dos episódios em que ele é contrariado por Leonard e resolve dar o troco.
O uso desses diferentes “Bazingas” pode ser visto nos vídeos abaixo.
Skinner (1978) em seu livro Comportamento Verbal categoriza o comportamento verbal em sete operantes verbais primários: tato, mando, ecóico, textual, cópia, ditado e intraverbal; e em um operante verbal secundário, o chamado autoclítico.
Os comportamentos verbais secundários ou autoclíticos são respostas verbais que não são emitidas isoladamente, mas em conjunto com algum outro operante verbal primário e têm a função de aumentar a precisão da influência de seu comportamento verbal sobre o ouvinte.
Segundo Matos (1991, p. 340)
A
palavra autoclítico refere-se à característica do falante de editar a própria
verbalização: rearticular, seccionar, articular, organizar sua fala enquanto
está falando. Neste sentido, o falante em sua esfera privada, deve ser ouvinte
dele mesmo, precisa ouvir suas verbalizações, avaliar as possíveis
consequências de cada uma sobre o comportamento do ouvinte, reorganizar sua
verbalização e então emitir aquela verbalização que produzirá as consequências
mais reforçadoras ou mais efetivas.
Bazinga poderia ser classificado como operante verbal do tipo autoclítico. Sheldon organiza a sua fala de maneira que ele apenas muda a entonação ao usar a expressão “Bazinga”. Essa mudança na entonação nos dá informações sobre o seu estado interno.
Ao analisar mais profundamente esse autoclítico chegamos à conclusão de que é um autoclítico qualificador. O autoclítico qualificador é aquele que qualifica o tato, alterando o seu valor.
O comportamento do ouvinte pode ser afetado de acordo com o autoclítico qualificador que o falante utilizar. Por exemplo, dizer “Bazinga, I don´t care” é diferente de dizer “BAZINGA, PUNK! NOW WE´RE EVEN”. O ouvinte pode se posicionar de maneiras diferentes na presença de cada uma das afirmações em função do autoclítico emitido pelo falante.
Howard, Leonard e Raj são ouvintes assíduos dos autoclíticos de Sheldon e a cada bazinga emitida por ele observamos que a reação de seus amigos é diferente.
Provavelmente da próxima vez que for assistir a série você ficará sob controle das verbalizações de Sheldon, principalmente em relação ao BAZINGA!!!!
Referências
Matos, M. A. (1991). As categorias formais de comportamento verbal de Skinner. In Matos, M. A.; Souza, D. G.; Gorayeb, R. & Otero, V. R. L. (Orgs.). Anais da XXI Reunião Anual de Psicologia. Ribeirão Preto, SP: SPRP, 333-341.
Santos, G. M.; Santos, M. R. M.; Cunha, V. M. (2012). Operantes verbais. Em N. B Borges, F. A Cassas (cols.). Clínica Analítico-comportamental: Aspectos Teóricos e Práticos. Porto Alegre: Artmed.
Skinner, B. F. (1978). Comportamento verbal. São Paulo: Cultrix.
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